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Wendel de Novais
Publicado em 22 de dezembro de 2024 às 14:58
A fuga de 16 detentos, que ainda não foram encontrados, fez com que a gestão estadual implantasse uma intervenção administrativa no Conjunto Penal de Eunápolis, no extremo sul da Bahia, para apurar falhas de segurança na unidade. No entanto, desde a intervenção, familiares têm denunciado maus-tratos contra os detentos que estão no presídio.
A esposa de um dos presos da unidade conta, sem se identificar, que há diversas ações para intimidar os detentos do local. “Chegou para gente que depois que os outros fugiram, eles estão castigando os que ficaram. Usando spray de pimenta, raspando cabeça de preso e atrasando a alimentação, deixando eles com fome. A gente quer uma resposta”, cobra ela, que chegou a ir para a frente da unidade protestar contra a situação.
A Secretaria de Administração e Ressocialização Penitenciária (Seap) foi procurada para se posicionar sobre as denúncias e as medidas implantadas após a fuga, mas não respondeu até o fechamento desta matéria. De acordo com informações iniciais, a situação denunciada pelas famílias teria sido vista por um defensor público, que relatou os problemas no conjunto. Sobre isso, no entanto, não há confirmação oficial. As visitas estão suspensas desde a fuga, no último dia 12 de dezembro.
Além do afastamento da diretoria, outra medida tomada no conjunto penal foi a transferência de nove detentos. Os nomes deles, porém, não foram divulgados. Por isso, familiares ficaram preocupados e foram até a porta do presídio para receber notícias, mas não houve comunicação entre a administração e as famílias.
“Desde que houve a fuga, mudou tudo lá dentro. Ficamos sabendo que eles transferiram nove presos e a gente sem saber se foi um filho nosso. Não estão dando notícias, não podemos vê-los e não sabemos a condição em que eles estão”, reclama uma mãe, que também prefere não dar o nome.
Sobre a transferência, uma fonte da Seap consultada pela reportagem informou que é de praxe que transferências não sejam informadas de maneira prévia para a família. Principalmente, neste caso, já que os detentos foram levados para a prisão de segurança máxima em Serrinha. No entanto, a fonte garantiu que a família e os advogados dos nove presos já foram informados.
Apesar da mobilização após a fuga do 16 detentos da facção Primeiro Comando de Eunápolis (PCE), nenhum deles foi localizado pela polícia. Entre agentes da região, cogita-se a possibilidade dos fugitivos terem deixado o estado para evitar que fossem recapturados.
Por conta da situação, a cidade de Eunápolis e a região do extremo sul têm vivido dias de medo. De acordo com dados do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), os 16 detentos acumulam 37 indiciamentos por crimes letais contra a vida, incluindo homicídios qualificados, latrocínios e até assassinato de policial.