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Família vai processar banda Menos é Mais após morte de trabalhador antes de show em Salvador

Pedro Alves do Rosário, 40, trabalhava na montagem do evento

  • Foto do(a) author(a) Maysa Polcri
  • Maysa Polcri

Publicado em 17 de fevereiro de 2025 às 17:30

Pedro Alves do Rosário
Pedro Alves do Rosário Crédito: Reprodução

A família de Pedro Alves do Rosário, 40, trabalhador que morreu após sofrer uma descarga elétrica durante a montagem do show do Grupo Menos é Mais, em Salvador, vai processar a banda de pagode. Ele não utilizava os equipamentos de proteção individual necessários, segundo testemunhas. Procurada, a banda disse que cobra providências para que os direitos dos familiares da vítima sejam assegurados. 

O funcionário prestava serviço para uma empresa terceirizada, a B Leal Produções, quando foi contratado através dela para o show que aconteceu no dia 11 de janeiro. O Grupo Menos é Mais afirma que está em contato com a empresa responsável pela contratação de Pedro Alves. 

Brenda Alves do Rosário, 21, filha da vítima, soube da morte do pai enquanto estava no trabalho. "Eu recebi uma ligação de um colega dele dizendo que tinha tido um acidente. Quando eu cheguei lá, estavam fazendo massagem cardíaca, mas ele estava morto. Meu mundo caiu naquele momento", conta.

Além da B Leal Produções, que contratou o funcionário, e a banda de pagode, a família vai processar o Grupo Onda, que produziu a festa. Brenda Alves conta que o pai não tinha formação técnica para trabalhar com eletricidade. "Eu sabia que ele estava trabalhando no show, mas achei que fosse apenas com a montagem do palco. Sem a parte elétrica", comenta. 

Testemunhas relataram que o trabalhador não utilizava os equipamentos de proteção adequados, como capacete, luvas e óculos de proteção. Pedro Alves usava apenas uma bota de segurança, que era de uso pessoal, segundo os relatos. O laudo pericial da morte deve sair nos próximos dias. 

Bruno Leal, responsável pela B Leal Produções, afirma que Pedro foi contratado para prestar serviços três vezes para a empresa, em eventos esporádicos. "A empresa preza pelo treinamento e exigência do EPI [Equipamento de Proteção Individual], seja empregado ou prestador terceirizado. Por enquanto, não temos informações de nenhum processo judicial, até porque as investigações caminham para uma auto responsabilidade", disse Leal. 

Questionado se Pedro Alves apresentou alguma experiência na área antes de ser contratado para o serviço, Bruno Leal disse apenas que o trabalhador prestava o mesmo serviço para outras empresas. 

A vítima foi socorrida por uma ambulância do evento e levado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Itapuã, mas não resistiu. O caso foi registrado como morte acidental por eletroplessão na 12ª Delegacia (Itapuã). O termo técnico é utilizado para explicar mortes causadas por descargas elétricas acidentais. 

Questionada sobre a morte do trabalhador, a banda brasiliense Menos é Mais reproduziu o posicionamento enviado pelo Grupo Onda, que organizou o evento. Ambos afirmam que acompanham de perto a situação do acidente ocorrido durante a montagem da estrutura do evento em Salvador.

"Reiteramos nosso compromisso com a segurança e o respeito a todos os profissionais envolvidos na realização do evento e permanecemos à disposição para quaisquer esclarecimentos adicionais", dizem. Veja o posicionamento completo ao final da reportagem. 

Depois da morte, o único suporte recebido pela família foram os recursos para pagar o enterro de Pedro, arcados pelo dono da B Leal Produções. Os familiares também receberam o valor equivalente a quatro diárias de trabalho, cerca de R$1 mil, que não haviam sido pagas ao trabalhador. 

Show da banda de pagode aconteceu em Salvador em janeiro
Show da banda de pagode aconteceu em Salvador em janeiro Crédito: Divulgação

"Meu pai era o meu suporte, me ajudava em tudo que podia. Eu não perdi apenas meu pai, perdi um amigo, meu tudo. A empresa dizia que gostava tanto dele, mas não deram suporte algum, apenas ajudaram no enterro", lamenta Brenda Alves, que tem uma filha de 1 ano e 9 meses. 

O advogado Gustavo Neiva, que representa a família, explica que o processo busca indenização por danos morais e materiais após a morte. "Ele não tinha qualquer aptidão para o desempenho das atividades que realizava quando veio a óbito. Todas as empresas que promoveram o evento têm interesse financeiro e são responsáveis pela execução do projeto. Por isso, deverão responder judicialmente", avalia. 

Veja o posicionamento do Grupo Menos é Mais e do Grupo Onda 

"Informamos que seguimos acompanhando de perto a situação do acidente ocorrido durante a montagem da estrutura do evento em Salvador. 

Desde o primeiro momento, estamos em contato com a empresa responsável pela contratação do prestador de serviços, cobrando as providências necessárias para que sejam assegurados todos os direitos dos familiares da vítima.

Reiteramos nosso compromisso com a segurança e o respeito a todos os profissionais envolvidos na realização do evento e permanecemos à disposição para quaisquer esclarecimentos adicionais."

Ações na Justiça do Trabalho crescem 52%

O número de ações trabalhistas na Bahia ultrapassou a marca dos 200 mil. Só no ano passado, foram 213.832 novos processos no Tribunal Regional do Trabalho 5ª Região (TRT5), órgão que atende ao estado.

O número deu um salto, comparado aos últimos cinco anos, com um crescimento de 52%, quando saiu de 140.095 novos casos em 2020. Em 2021, viveu uma queda, ao somar 129.722 ações no TRT5. Mas voltou a crescer em 2022 e em 2023, com 134.213 e 179.252 novas ações, respectivamente.