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Bruno Wendel
Publicado em 21 de dezembro de 2024 às 17:52
A família do mergulhador que trabalhava no Consórcio Ponte Salvador-Itaparica informou que vai entrar com um pedido de indenização. O corpo de Williams da Silva Teixeira, de 54 anos, que encontrado na Baía de Todos-os-Santos (BTS), nesta sexta-feira (20), foi enterrado na tarde deste sábado (21), no cemitério Jardim da Saudade, em Brotas.
"Vai ter que haver o ressarcimento até porque ele estava trabalhando e houve a perda de uma vida e, com certeza, há um responsável sobre isso", declara o advogado da família, Eduardo Júnior.
Familiares e parentes do mergulhador estavam bastante abalados e não quiseram falar com a imprensa. "Estamos tentando consolar a viúva e os demais parentes para depois fazer o que deve ser feito. Sabemos que neste primeiro momento é a questão da dor, do sentimento, mas depois temos que ver os culpados, a responsabilização da empresa que o contratou", complementa.
Williams havia desaparecido na última segunda-feira (16) enquanto realizava uma inspeção na âncora de uma balsa na região. Ele prestava serviço ao Consórcio de Sondagem contratado pela Concessionária Ponte Salvador-Itaparica. "Que fique claro para a sociedade que o corpo foi encontrado por particulares, infelizmente, o poder público não teve sucesso com as buscas", declara o advogado.
Em nota, a Concessionária lamentou profundamente o ocorrido e disse que segue apoiando o Consórcio de Sondagem no atendimento à família, ao mesmo tempo em que permanece comprometida com a apuração dos fatos junto às autoridades competentes.
Williams sumiu por volta das 14h, quando a Capitania dos Portos da Bahia (CPBA) foi acionada e iniciou as buscas. Com a vítima, estavam mais três mergulhadores para fazer a sondagem e inspeção de âncora de duas balsas no local. Os três desceram antes de Williams, mas só chegaram a 15 metros de profundidade e voltaram por conta da maré.
A reportagem ouviu uma fonte, que prefere não se identificar, e conta que a correnteza estava forte, mas que o dono da empresa terceirizada teria pressionado os mergulhadores a fazerem o serviço.
“Na hora que os três voltaram, o dono começou a falar que ele mesmo ia ter que descer. Os mergulhadores falaram que só às 16h, mas ele [Williams] queria mostrar serviço para outras oportunidades e disse que ia tentar, mas não voltou mais. Ele fez porque houve pressão para realizarem o serviço”, completa a fonte.
Willians ainda teria descido sem os equipamentos adequados quando sumiu. O CORREIO obteve informações de que, ao fazer um mergulho de cerca de 40 metros de profundidade, ele estava sem os sistemas de ar necessários para mergulhos tão fundos.
A Capitania dos Portos informou que foi instaurado um Inquérito sobre Acidentes e Fatos da Navegação (IAFN) para apurar as causas e circunstâncias do acidente. Após a conclusão do procedimento, os documentos serão encaminhados ao Tribunal Marítimo.