Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Maysa Polcri
Publicado em 26 de março de 2024 às 14:55
A família de Willys Santos da Conceição, morto no Corredor da Vitória, na madrugada do último sábado (23), soube do ocorrido através das notícias do crime transmitidas pela televisão. A vítima era uma pessoa em situação de rua, que não tinha o costume de transitar pelo bairro. Três dias após a morte, o corpo de Willys Santos segue no Instituto Médico Legal (IML), em Salvador.
A reportagem apurou que a mãe e o irmão da vítima foram até o IML na manhã desta terça-feira (26) fazer o reconhecimento de Willys Santos da Conceição. Como os familiares não tinham decidido os trâmites da funerária e do sepultamento, o corpo não foi liberado. A liberação só deve ser feita na quarta-feira (27), de acordo com funcionários do Instituto Médico Legal.
Na manhã de ontem (25), quatro suspeitos de participar do linchamento que resultou na morte da vítima tiveram a prisão preventiva decretada. Os homens suspeitos do crime são o flautista Lincoln Sena Pinheiro e o violinista Laércio Souza dos Santos, ambos integravam a Orquestra Sinfônica da Bahia (Osba). Os músicos foram suspensos da Orquestra, que divulgou a decisão na segunda-feira.
Além deles, também foram presos Marcelo da Cunha Rodrigues Machado, namorado de Lincoln, e o motorista de aplicativo e morador do Corredor da Vitória Sérgio Ricardo Souza Menezes. A reportagem esteve no local da morte e conversou com moradores e trabalhadores da região. Todos disseram que a vítima não costumava transitar na localidade.
“Ninguém sabe quem ele é. Os moradores de rua que transitam por aqui são conhecidos e dificilmente praticam roubos ou fazem confusão com os moradores. O que ouvi é que ele costumava ficar pelo bairro da Barra”, disse um homem que trabalha no Corredor da Vitória há 16 anos.
A reportagem teve acesso a imagens gravadas durante a confusão. No vídeo, é possível ver o violista Laércio Souza dos Santos segurando as pernas do homem e Marcelo da Cunha Rodrigues, namorado do flautista Lincoln Sena Pinheiro, prendendo os braços.
A defesa dos músicos e de Marcelo da Cunha alega que os três foram vítimas de tentativa de assalto, agredidos por Willys Santos e revidaram em legítima defesa. Ainda segundo a versão do advogado Vinícius Dantas, os suspeitos chamaram a polícia enquanto a vítima ainda estava com vida.
"Na verdade, eles foram vítimas de um assalto e reagiram. E mobilizaram o assaltante, ligaram para a polícia e esperaram a polícia chegar. Quando a polícia chegou que mandou eles soltarem, o rapaz ainda estava com vida e faleceu logo após. E aí eles foram conduzidos sobre a prática do crime de homicídio. Mas, na verdade, o que ocorreu foi uma reação ao assalto que eles estavam sofrendo", disse o advogado na manhã de ontem (25).
Já o advogado Danilo Silva, que representa Sérgio Ricardo, morador do Corredor da Vitória, diz que ele apenas tentou separar a briga, sem participar da agressão. “Ele estava passando no momento do fato, os outros pediram por socorro, ele de pronto e imediato foi dar socorro. Chegando ao local do fato, ele ligou para a polícia para poder conter a situação, que eles estavam entrando em vias de fato, e apenas aconteceu isso. Meu cliente, inclusive, não era nem para estar aqui como suposto acusado, era para estar como testemunha do fato, porque ele presenciou", afirmou em entrevista à reportagem.
Relembre o caso
Quatro homens foram presos - entre eles, dois músicos da Orquestra Sinfônica da Bahia (Osba) - acusados de agredir um homem até a morte na madrugada deste sábado (23), no Corredor da Vitória, em Salvador. O caso é investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
De acordo com a Polícia Militar, o assalto deu início a uma briga na Avenida Sete de Setembro. Os policiais militares do 18º BPM foram acionados por testemunhas. Ao chegarem ao local, foram informados que quatro pessoas haviam espancado o homem.
Nas redes sociais, testemunhas do crime, que moram no Corredor da Vitória, relataram que pediram para que os homens parassem de agredir a vítima.