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Wendel de Novais
Publicado em 12 de fevereiro de 2025 às 12:26
A ausência de transporte público em bairros de Salvador após casos de violência armada tem se tornado comum. Há casos, porém, em que os ônibus param sem que uma bala sequer tenha sido disparada, como ocorreu hoje no Loteamento Mangabeira, mais conhecido como Cajazeiras 9. “Um poste pegou fogo, começou a pipocar, alguém achou que era tiro e a gente ficou sem ônibus”, diz uma moradora do local, que prefere não se identificar e caminhou mais de 600 metros para pegar um coletivo após uma suspensão da circulação dos ônibus que durou quase quatro horas. >
Sobre o caso, a Secretaria de Mobilidade (Semob) informou que a suspensão temporária se deu após o registro de um incêndio em poste e uma ocorrência de tiroteio. O Tenente Coronel Júlio César, comandante do 22º Batalhão da Polícia Militar (BPM), e moradores confirmaram a ocorrência na fiação, mas negaram os tiros. “Não houve acionamento na madrugada, nem com a polícia militar, nem com os órgãos da prefeitura. Nós nos deparamos com essa informação pela manhã, notando que alguns rodoviários não estavam entrando aqui no fim de linha”, explica o comandante. >
Uma fonte da Semob, que terá a identidade preservada, conta que casos como esse não são raros. “As situações em que há risco para os rodoviários e passageiros são diversas, nós vemos, de forma recorrente, profissionais que param de rodar porque a linha passa em uma área de confronto. Agora, há casos em que é fácil perceber o alarme falso. Você chega, tem comércio aberto, todo mundo circulando e população revoltada porque não entende o motivo dos ônibus estarem com rota alterada, sendo que não viram ou ouviram nada”, aponta a fonte. >
Ele pondera, entretanto, que o medo dos rodoviários nessas interrupções é compreensível. “A cidade vive uma situação de tiro toda hora. Então, quando sai um boato como esse, mesmo sendo falso, os rodoviários acreditam e acabam parando. Quem vai pagar para ver? Então, é fácil entender que é uma ação de proteção deles que é influenciada por informações erradas”, destaca. Enquanto os rodoviários estão amedrontados, moradores acabam afetados pela ausência do serviço. >
Fernanda Silva, 36 anos, abre loja na região do centro de Salvador. Por isso, costuma pegar o ônibus antes das 7h30 em Cajazeiras 9. Por conta da caminhada que precisou dar até o ponto fora do bairro, ainda esperava por um coletivo às 7h55. “Eu tenho que correr e muito para estar lá antes das 8h45 porque a loja tem que estar aberta às 9h. Tudo isso porque cheguei no ponto e demorei para perceber que o transporte não ia passar. Então, já comecei o dia tendo que correr ainda mais atrás do prejuízo”, fala. >
Apesar da suspensão, o transporte regular foi reestabelecido às 7h45 na Cajazeiras 9, com veículos circulando normalmente pela Rua Santo Antonio. Agentes da Semob e prepostos da Integra acompanharam a volta da operação de transporte no local. A PM foi procurada para falar dos registros de denúncias falsas sobre tiros, mas respondeu que não dispõe desse número.>