Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Da Redação
Publicado em 12 de outubro de 2024 às 15:14
Uma exposição que retrata a cultura e a vida do povo negro no Brasil entrou em cartaz na Caixa Cultural de Salvador. Batizada de O Povo Negro é o Meu Povo – Lita Cerqueira, 50 Anos de Fotografia, a exposição reúne as principais obras da artista. A visitação ocorre até 29 de dezembro, das 9h às 17h30, com entrada gratuita e classificação livre. O projeto tem o patrocínio da Caixa e do Governo Federal.
Os principais conceitos da mostra são ancestralidade e pertencimento, e a exposição é organizada em sete núcleos curatoriais. Segundo os organizadores, cada núcleo reflete a visão de Lita Cerqueira como uma mulher negra que vive intensamente a cultura de seu povo. A mostra revela um conjunto de observações, histórias e memórias, selecionado do acervo de mais de 50 mil imagens, com obras em preto e branco de uma das mais ecléticas produções fotográficas do fim do século XX e início do XXI.
Quem assina a coordenação geral e a curadoria da mostra são Lu Araújo e Janaína Damaceno, respectivamente. Em “O Povo Negro é o Meu Povo - Lita Cerqueira, 50 anos de fotografia”, a artista compartilha com o público uma narrativa visual sobre a ancestralidade e celebra a cultura negra.
Eixos da Exposição
O primeiro eixo da exposição é “Andar com fé”, que retrata o sagrado afro-brasileiro. No segundo, “Para o mundo ficar Odara”, o destaque é a beleza negra. Em “Zum zum zum”, as fotos são das rodas de copeira, enquanto em “Vou fazer minha folia”, o tema é o carnaval.
No quinto eixo, “Filhas de Oxum”, Lia captura a espiritualidade e ancestralidade das festas populares. Já em “Doces Bárbaros” e “Atraca que o Naná vem chegando”, estão os momentos intimistas em que a fotógrafa acompanhou grandes nomes da música popular brasileira, como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Maria Bethânia e Gal Costa.
Lita Cerqueira
Lita Cerqueira é considerada a primeira fotógrafa negra da Bahia. Nascida em Salvador, Lita iniciou sua trajetória ainda jovem, movida pela vontade de registrar e dar visibilidade às histórias de gente, muitas vezes, invisível. Aos 72 anos, é uma das primeiras mulheres pretas a se dedicar ao segmento; ela se destacou em um meio predominantemente masculino e branco, transformando sua câmera retratos da cultura e a vida do povo negro no Brasil.
Autodidata, Lita já participou de exposições no Brasil, Itália, Alemanha e França (suas fotos fazem parte do Acervo da Biblioteca de Paris). Seu trabalho está também na da Pinacoteca de São Paulo e em exposição fixa no Museu Afro Brasil. As obras transcendem o tempo e convidam o público a um mergulho na alma do povo negro, imprimindo um olhar incisivo e em constante diálogo com a pessoa fotografada.
Atualmente, a artista participa da exposição “Quilombo: vida, problemas e aspirações do negro”, em Inhotim, parte integrante da mostra dedicada a Abdias Nascimento. Também está nas mostras "Lélia em Nós", no Sesc Vila Mariana em São Paulo, "Encruzilhadas da Arte Afro-brasileira" no CCBB de Belo Horizonte e na exposição itinerante “O que vem de dentro”, de Diógenes Moura.