Ex-diretor de colégio estadual em Ubaitaba está em Conjunto Penal de Itabuna

Nesta quinta-feira (29), o colégio onde o diretor trabalhava retomou as aulas

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  • Vitor Rocha

Publicado em 29 de agosto de 2024 às 21:17

Dantas atuava como diretor em escola estadual em Ubaitaba
Dantas atuava como diretor em escola estadual em Ubaitaba Crédito: Reprodução/Instagram

O ex-diretor de um colégio estadual em Ubaitaba, cidade localizada no sul da Bahia, já se encontra no Conjunto Penal de Itabuna. Hélio Camilo deu entrada na instituição na última terça-feira (27), mesmo dia em que foi preso por homicídio e estelionato.

Desde o ocorrido, a rotina no local onde ele trabalhava, o Colégio Estadual de Tempo Integral Octacílio Manoel Gomes (CEOMG), está se normalizando. Nesta quinta-feira (29), o centro de ensino retomou as aulas normalmente. Na quarta-feira (28), a instituição realizou uma reunião para falar com as famílias sobre o ocorrido que impactou o município de apenas 17 mil habitantes. Em nenhum momento o CEOMG fechou completamente, segundo o Núcleo Territorial de Educação (NTE).

Na comunidade, o sentimento é de choque e decepção. "É uma decepção grande. Ninguém esperava. Impossível saber o passado de cada um", disse um vendedor de loja que não quis se identificar. Outros preferem se manter distantes da situação. "Prefiro nem me meter, ficar falando de crime", disse outro morador.

Nas redes sociais, internautas repercutem o ocorrido. "Chocada sim, porém continua a mesma pessoa para mim", declara uma internauta. "Cada um tem seu passado", diz outro usuário. "Vixe, tão contratando qualquer um", escreveu outro.

O ex-diretor iniciou sua trajetória como servidor público há 13 anos, após prestar um concurso estadual sob o nome falso de Geraldo Dantas e conseguir a aprovação para o cargo de professor.

Mesmo com a sua exoneração publicada pela Secretaria da Educação do Estado (SEC) na última terça-feira (27), a advogada Ludymilla Carrera explica que a vaga não pode ser entregue aos outros concorrentes por conta do prazo de vigência. "O prazo de validade do concurso público é até dois anos, sendo prorrogável pelo mesmo período", informa. Ela reitera que, caso não tenha outro concurso válido para a mesma função, será necessária a abertura de outro edital.

Procurada pelo CORREIO, a SEC não respondeu se haverá um novo concurso ou não. Quando perguntada sobre como o criminoso conseguiu ser aprovado no concurso mesmo sendo foragido, a pasta também não respondeu. Reafirmamos que o espaço segue em aberto para a secretaria se pronunciar.

O homem de 56 anos era foragido da Justiça de Minas Gerais desde 2009, quando escapou da detenção durante uma saída temporária. O crime de homicídio doloso, como o cometido por ele em 1996, pode prescrever em até 20 anos, dependendo da sentença. Quinze anos depois da fuga, a advogada criminalista Amanda Quaresma afirma que a prescrição do crime não está garantida. "Apesar de alguns entenderem que a fuga deveria servir para interromper o prazo prescricional, não é uma tese aceita ainda, o que significa que a prescrição pode não ter ocorrido para este caso. Inclusive, depende de decisões judiciais tomadas ao longo do processo", esclarece. Ela destaca que é necessário o caso em mãos para uma avaliação mais precisa.

Relembre o caso

Na noite da última terça-feira (27), Hélio Camilo foi preso em sua casa na cidade de Ubaitaba. A prisão foi realizada por policiais civis da Bahia e de Minas Gerais e policiais federais.

De acordo com a Polícia Civil de Minas Gerais, o homem de 56 anos é ex-policial militar do estado. Ele estava preso por um assassinato cometido em 23 de fevereiro de 1996, mas escapou da prisão em 2009 durante uma saída temporária. Além disso, a Justiça de Rondônia expediu um mandado de prisão contra ele por estelionato.

Após a fuga da prisão, o homem morou em Vilhena, no estado de Rondônia, antes de se mudar para a Bahia. Neste período, a Justiça de Rondônia expediu um mandado de prisão contra ele por práticas estelionatárias. Para não ser identificado, o criminoso alterou sua identidade para Geraldo Dantas, nome que utilizou quando prestou concurso público para se tornar professor estadual. Posteriormente, Hélio foi promovido ao cargo de diretor.

No momento da prisão, o educador não demonstrou resistência e afirmou que sabia que um dia poderia ser encontrado.