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Ex-cônsul da França na Bahia denuncia caso de racismo: “Protegido pela cor”

Mamadou Gaye foi chamado de “tirano africano” e ouviu que deveria voltar para o seu “buraquinho em Paris”

  • Foto do(a) author(a) Vitor Rocha
  • Vitor Rocha

Publicado em 30 de dezembro de 2024 às 13:04

Mamadou Gaye
Mamadou Gaye Crédito: Divulgação

Ex-Cônsul Honorário da França na Bahia, Mamadou Gaye tornou pública uma denúncia de racismo nesta segunda-feira (30). Representante do país europeu entre 2019 e 2024, o franco-senegalês afirmou ter sido alvo de ofensas por parte de um conterrâneo, Fabien Liquori. O agressor, que foi condenado a pagar indenização por danos morais, enviou e-mails com ataques após enfrentar problemas relacionados ao atendimento no consulado.

O ex-cônsul foi chamado de "tirano africano" e ouviu que deveria voltar para o seu "buraquinho em Paris". As mensagens foram motivadas pela frustração de Fabien em relação a solicitações que não estavam dentro das competências do consulado. Mamadou destacou que as injúrias não foram desencadeadas por um único episódio, mas por um acúmulo de atitudes e insatisfações do agressor.

“Eu cheguei a ajudar em algumas demandas que não eram da minha competência, mas não tiveram o resultado esperado. Ele parecia achar que eu estava ali para servi-lo. Depois disso, começaram os e-mails com ofensas, enviados não só a mim, mas também a outras instituições. Ele questionava minha competência no cargo por causa da minha cor. Eu avisei que aquilo era crime e pedi para parar, mas precisei acionar meu advogado”, relatou.

As mensagens enviadas por Fabien chegaram ao Consulado Geral da França em Recife e à Academia de Letras da Bahia (ALB), configurando ofensas à honra do franco-senegalês. O agressor também foi alvo de denúncia policial pela equipe da Fundação Pierre Verger.

Na Justiça, Fabien foi condenado a pagar R$ 3 mil por danos morais. A decisão foi mantida em segunda instância, mas Mamadou considerou a pena insuficiente, o que o levou a expor o caso publicamente. Para ele, o desfecho judicial representou uma nova forma de violência.

“Todas as mensagens ofensivas foram incluídas no processo. E o mais triste: a pessoa não teve medo de fazer as ofensas por escrito por julgar que está protegido pela cor da pele dele”, destacou.

Mamadou agora busca uma nova ação judicial, solicitando R$ 40 mil e um pedido público de retratação. “Eu achei esse valor muito pouco. Há uma mensagem implícita de que esse caso não é nada. Ele sabe disso, tanto que voltou a me ofender após a primeira instância. Espero que a Justiça se posicione de forma firme”, afirmou. Apesar da nova solicitação, ele reiterou que nenhum valor paga as agressões sofridas.

A reportagem entrou em contato com o Tribunal de Justiça da Bahia para obter um posicionamento, mas não obteve resposta. O CORREIO também não conseguiu o contato de Fabien Liquori. O espaço segue aberto para as partes envolvidas se manifestarem.