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'Amo quando ele fala: ‘mãe, eu estava pensando em fazer um momento no show’', diz Ivete sobre filho

Cantora se juntou à Quabales Banda no show “Essa É a Bahia” neste domingo (3), na Concha Acústica

  • R
  • Raquel Brito

Publicado em 4 de dezembro de 2023 às 06:00

Ivete se apresentou na Concha Acústica neste domingo (3) Crédito: Raquel Brito

“Eu fico vaidosa de ser a artista que fez todas as edições. E artista já não é vaidoso, né?”. Ivete Sangalo, única cantora a se apresentar em todas as edições do Festival de Verão, brinca com o título. Entretanto, motivos não faltam para sentir vaidade: além de ser a campeã de participações, na edição de 2024, que acontecerá nos dias 27 e 28 de janeiro, Ivete será a única artista brasileira a ter um show solo.

“Eu jamais subi num palco para não fazer um show especial. Na minha cabeça, todas as minhas oportunidades de cantar são muito especiais e o Festival de Verão é uma resposta a essa minha intenção. Quando eu recapitulo ‘puxa, eu participei de todos’, [penso que] não foi à toa, né? Foi por alguma razão, e essa razão tem a ver com a minha relação com o público, o respeito que tenho pelo público”, disse a cantora, em entrevista ao CORREIO.

Ivete, que completa 30 anos de carreira em 2024, fará um espetáculo em comemoração no Festival. Para ela, entretanto, especial mesmo é o encontro com a plateia, olhar para seus fãs e ver as reações de emoção e identificação em seus olhos.

“As outras coisas a gente pode conseguir, os fogos, o CO2, um repertório, uma sequência. Mas, nada disso tem valor se a gente não tiver aquela grande finalidade, que é ter o povo comigo”, defende a cantora.

Uma participação esperada na comemoração de três décadas de trajetória é a do filho mais velho, Marcelo, que vem mostrando nos últimos anos que também tem aptidão para a música. Em 2017, ainda pequeno, ele subiu ao palco para tocar com a banda da mãe no Festival de Verão. Questionada sobre as chances de uma colaboração no palco do Festival este ano, a cantora diz que deixa o adolescente livre para escolher quando quer participar – quando acontece, ela vibra de felicidade como se fosse a primeira vez.

“Marcelo hoje tem uma relação de maior preciosismo, de maior responsabilidade com a música, porque ele já está com 14 anos. Ele já trabalha comigo em casa, participa das minhas rotinas de trabalho. Ele é o meu eterno convidado, minha eterna presença. É uma decisão mais dele do que minha, mas eu amo quando ele fala ‘mãe, eu estava pensando em fazer um momento no show’. Eu acho que a arte é um chamado, não uma imposição”, diz.

Quando subiu ao palco do Parque de Exposições para o Festival de Verão pela primeira vez, Ivete tinha apenas 27 anos. Lembra-se exatamente do dia do show, como ficou feliz com o resultado e com a repercussão. Hoje, com a trajetória que tem, o conselho para sua versão de 1999 seria um só: siga em frente.

“Eu diria: ‘você tem esse propósito, ninguém vai te tirar isso. As únicas pessoas capazes de determinar isso eram você, Deus e ninguém mais’. Eu diria que ela é arretada, que tem muita coisa para fazer. Para manter essa onda, porque eu me lembro que lá naquele tempo eu já tinha essa emoção, essa maneira de ser que ninguém mudaria, nem a minha profissão”, afirma.

“Essa é a Bahia”

Neste domingo (3), Ivete se juntou à Quabales Banda no último espetáculo do ano do projeto Domingo no TCA, que oferece eventos culturais a preço popular nas salas do Teatro Castro Alves. Os ingressos, vendidos apenas duas horas antes da sessão na bilheteria do próprio TCA, custaram R$0,50 a meia e R$1 a inteira, preço padrão do projeto. Outros 2.500 ingressos foram vendidos de forma antecipada exclusivamente online pela plataforma Sympla a partir do dia 29 de novembro.

Ana Clara Simono, 27, e Laise Almeida, 24, sabiam que não podiam perder esse espetáculo. Fãs de carteirinha de Ivete e admiradoras da Quabale desde que assistiram ao show da banda no Festival de Verão, nem os ferimentos enfaixados nas pernas e braços de Ana Clara, causados por um assalto na última quinta-feira (30), impediram as estudantes de ir ao concerto.

“Eu fui assaltada numa moto por aplicativo e depois empurraram a gente, então eu me esfolei toda no meio da Paralela [risos]. Estou morrendo de dor, mas Ivete extasia a gente. E além de tudo a Quabales. Não tinha como não vir”, diz.

Protagonizado pela Banda, o show “Essa é a Bahia” teve participações também de Zé Ricardo e do Baile Favellê. O grupo anfitrião trouxe no repertório trabalhos autorais e músicas conhecidas do público baiano, misturando tecnologia, performance e ancestralidade para mostrar a força das favelas e das periferias.

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro e da subeditora Doris Miranda