Estudantes da Ufba relatam impactos das novas datas do calendário acadêmico

Relatos incluem adiamento de formatura e perda de oportunidades

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  • Larissa Almeida

Publicado em 5 de julho de 2024 às 05:00

Restaurante Universitário da Ufba
Restaurante Universitário da Ufba Crédito: Divulgação

Quando as aulas tiveram início em março deste ano na Universidade Federal da Bahia (Ufba), a estudante Giovanna Flamiano, 23 anos, já se sentia em clima de despedida. No último semestre do curso de Direito, ela já estava com a data da solenidade marcada para agosto e uma promessa de emprego tão logo conseguisse o diploma em julho. Com a greve dos professores, no entanto, todos esses planos precisaram ser adiados.

A incerteza quanto à formatura já existia desde o anúncio da greve dos servidores técnico-administrativos, mas só foi confirmada com a greve dos professores. Dessa forma, Giovanna e seus colegas de turma precisaram remarcar a data para novembro. No entanto, eles ainda não estão seguros se realmente vão conseguir formar.

“Fiz um investimento de R$ 3,9 mil na formatura e, apesar de não perder o dinheiro, foi uma quebra de expectativa. Eu fiquei muito emocionada na minha última matrícula, já tinha falado para todo mundo, avisado data para alguns parentes que moram fora para verem passagem com antecedência e, agora, não tem nada certo. Conseguimos essa data em novembro, mas pode ser que em outubro eu e meus colegas ainda não tenhamos colado grau. E, como não tem solenidade sem colar grau, talvez tenhamos que remarcar mais uma vez. É muito frustrante”, lamenta.

Sem diploma, a estudante e outros colegas também perderam oportunidades de trabalho. “A maior parte das pessoas que vão formar comigo, assim como, já estão aprovadas na OAB. Eu já estava com oportunidade para ser contratada como advogada júnior em um escritório em que já estagiei, mas não deu, porque eles não podiam ficar sem advogado que não pudesse participar de audiência e podiam esperar eu me formar”, relata.

Quem também está sofrendo as consequências das novas datas são os estudantes de Medicina do 1º ao 6º semestre, que antes da greve dos docentes tinham a esperança de conseguir um ‘3º semestre’ dentro do ano letivo de 2024, dedicado a repor atrasos relativos ao curso. Segundo uma aluna, que preferiu não se identificar, há mais de seis meses, alunos estão sendo prejudicados por falta de disciplinas.

“Os alunos já somavam de seis meses a um ano de atraso às custas de falta de vagas em disciplinas obrigatórias. Eles foram os mais prejudicados porque vinha-se discutido um possível terceiro semestre para minimizar os nossos atrasos anteriores, mas agora é quase impossível que ele ocorra porque o objetivo do calendário se tornou corrigir os atrasos causados pela greve”, afirma.

A aluna ainda conta que, por permanecerem sem os conhecimentos do ciclo básico, esses alunos estão perdendo oportunidades. “Além de impossibilitar a continuidade do conhecimento e do curso, impossibilita a inscrição em processos seletivos de estágios, assim como grupos, que só aceitam estudantes do ciclo clínico ou do internato”, finaliza.

*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo