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Priscila Natividade
Publicado em 11 de maio de 2024 às 16:09
Uma manhã de sábado para reforçar conteúdos de português e matemática de uma maneira mais lúdica. Em sua segunda edição, o projeto Aprender+ vem transformando a rotina das instituições de ensino da rede municipal de Salvador com atividades bem diferentes do que os estudantes costumam ver nas aulas tradicionais.
“A proposta é trazer algo mais lúdico mesmo, em que o aluno possa aprender brincando, algo que, no dia a dia, a gente não consegue fazer com tanta frequência devido a quantidade de conteúdo. Tem todo um planejamento diferenciado que é feito a semana inteira para trazer esse estudante para a escola no sábado”, afirma a diretora da Escola Municipal de Paripe, Alcione Castro.
O colégio localizado no subúrbio de Salvador atende, atualmente, 1 mil estudantes e é uma das 242 escolas contempladas pela iniciativa da Secretaria Municipal de Educação (Smed), que nesse primeiro semestre atende a alunos das turmas de 3º ao 6º ano. Neste sábado (11), aconteceu o segundo encontro de um total de quatro, que devem ocorrer nos próximos meses.
A intenção é recompor e fortalecer o aprendizado, sobretudo, pela lacuna que a pandemia deixou, como pontua o prefeito Bruno Reis, que acompanhou durante a manhã as atividades realizadas na unidade escolar em Paripe. “Sem dúvidas, a pandemia deixou consequências drásticas na educação. Nós estamos objetivando recompor o aprendizado, tirar esse déficit, por isso, as aulas aos sábados nas séries mais impactadas para garantir a alfabetização das crianças e que elas aprendam efetivamente a ler e escrever”.
Bruno Reis
prefeitoEntre as principais deficiências mapeadas pela Smed junto às escolas estão dificuldades nas disciplinas de português e matemática. “Estamos fazendo um trabalho pontual e específico, já que as principais deficiências identificadas pela rede estão nas disciplinas mais importantes. O foco é matemática e português. Ensinar a criança a interpretar texto, além de permitir que ela possa combinar os conceitos de matemática cruciais para o seu desenvolvimento”, ressaltou Bruno Reis, que visitou ainda em Fazenda Coutos, a Escola Santo Antônio das Malvinas. Foram entregues ainda coberturas de quadras poliesportivas nas duas unidades escolares do subúrbio.
Lançado em 2023, o Aprender + alcançou no ano passado uma taxa de frequência acima de 80%. Segundo o secretário municipal da Educação, Thiago Dantas, o planejamento e as práticas pedagógicas têm como proposta trazer para a sala de aula atividades mais prazerosas, criativas e interdisciplinares. Tudo é pensado com base nos dados de avaliações diagnosticas, que permitem um recorte preciso dos descritores críticos, ou seja, habilidades que os estudantes apresentaram um desempenho menor que o esperado.
“O Aprender+ surgiu no ano passado como uma ideia de recomposição, um programa de reforço escolar. Fizemos uma primeira etapa, contemplando no 5º e 9º ano por serem séries de transição. Foi um grande sucesso, ao alcançar a adesão da rede, dos professores, diretores escolares, famílias e alunos. Esse ano, a gente parte para uma segunda edição com toda uma estratégia pedagógica associada a questões lúdicas e de acolhimento e, mais uma vez, alcançamos uma grande aceitação”.
A estimativa do secretário é que entre 30 a 35 mil alunos façam parte do Aprender + na edição do primeiro semestre desse ano. A iniciativa, inclusive, tem contribuído para reduzir as faltas dos estudantes também nas aulas durante a semana. “Vamos ter uma nova edição no segundo semestre com outro foco. Possivelmente, teremos mais sábados letivos, contanto que a comunidade escolar abrace a ideia”, acrescentou.
Thiago Dantas
secretário municipal de EducaçãoProfessora há 4 anos na escola Municipal de Paripe, Edna Conceição, é uma das docentes que participam do planejamento e da construção das aulas lúdicas de reforço. Em uma das atividades desse sábado, a turma foi dividida em equipes para aprender mais sobre matemática.
“Estamos trabalhando o conteúdo grandeza com nossos alunos. Hoje temos uma equipe que se chama massa, outra, tempo e uma, temperatura. Cada grupo precisa fazer uma apresentação de tudo que aprendeu. Trazemos esse conteúdo para o cotidiano, mostrando que na sala de aula é possível aprender brincando. É um trabalho que a gente, enquanto professor, precisa pensar mesmo para trazer o aluno até a escola numa manhã de sábado”, afirma.
Edna Conceição
professoraAlém da parte mais dinâmica, dos jogos e das competições em equipe, um lanche mais especial é mais um motivo para que a escola esteja cheia fora do dia comum. “Na realidade que nós temos dentro da escola pública, oferecer o café da manhã e ter um lanche diferenciado é algo que atrai muito. Hoje, os alunos tiveram estrogonofe, batata palha, cachorro-quente e até picolé. Foi uma festa só. São opções de refeições que não estão no cardápio da escola em um dia de aula comum”.
Edna já começa a perceber os avanços com as aulas lúdicas de reforço: “São avanços muito visíveis porque os alunos expressam isso e acabam contagiando quem não veio antes, que no sábado seguinte chegam aqui logo cedo também. A gente consegue perceber quando voltamos para a rotina e há uma evolução na aprendizagem, muito resultado disso”, comenta.