Escola onde ocorreu massacre, em Heliópolis, retomará as atividades na próxima segunda-feira

Atividades foram interrompidas após um ataque que vitimou quatro alunos da unidade

  • Foto do(a) author(a) Gilberto Barbosa
  • Gilberto Barbosa

Publicado em 30 de outubro de 2024 às 06:15

Colégio Municipal Dom Pedro I,  em Heliópolis
Colégio Municipal Dom Pedro I, em Heliópolis Crédito: Divulgação

As aulas na Escola Municipal Dom Pedro I, localizada no povoado de Serra das Correias, em Heliópolis, no nordeste baiano devem ser retomadas na próxima segunda-feira (4). A previsão é da secretaria municipal de educação, que prevê um retorno gradual dos estudantes. As atividades foram interrompidas no dia 18 de outubro após um ataque que vitimou três alunos da unidade. O autor do crime foi um outro adolescente, que também estudava no local e tirou a própria vida na sequência.

Cerca de 230 alunos estudam na instituição, que atende o Ensino Infantil, Fundamental I e II e a Educação de Jovens e Adultos (EJA). “Nós estamos na fase de escuta com os pais e alunos, que estão sendo acompanhados por psicólogos especialistas em desastres escolares. A comunidade ainda vive o luto, uma vez que muitos se conheciam, mas estão retornando aos poucos”, afirma a secretária municipal de educação Eluiza Mendes.

Segundo a diretora da escola Jinelma Santos, as famílias das vítimas e os alunos sobreviventes receberam atendimentos psicológicos individualizados durante a semana após a tragédia. As consultas foram estendidas aos profissionais de apoio, professores e toda equipe diretiva da unidade. Equipes do estado, da federação e de cidades vizinhas foram mobilizadas para o acompanhamento da comunidade.

“Neste primeiro momento, realizamos uma pintura na unidade escolar, visando mudar o aspecto físico. Essa foi uma recomendação de especialistas em situações de desastre do MEC. Também iniciamos reuniões de pais e responsáveis para ouvir como eles estão e falar sobre o retorno às aulas”, explica.

Quanto às atividades, Jinelma relata que a proposta inicial é realizar tarefas lúdicas e voltada para o acolhimento dos jovens com o objetivo de deixar o ambiente mais leve. “A comunidade está em um clima mais leve, com as pessoas voltando a rotina diária. Estamos nos comunicando com as famílias e a maioria está tranquila, falando em voltar as aulas. Alguns alunos ainda estão assustados, o que é normal nessas situações, mas a maioria consegue dormir e se alimentar direito”, fala.

Na última segunda (28), os porteiros das unidades receberam uma palestra realizada por equipes do Batalhão de Policiamento Escolar (BPEsc), ligado a Polícia Militar. A gestora conta que a ação teve o objetivo de reforçar medidas de prevenção à violência escolar e detalha como será a retomada das atividades a partir do dia 04/11.

“Primeiro vamos acolher os funcionários. Na terça (5), voltam os alunos da Educação Infantil e Fundamental I, seguidos pelos alunos do fundamental II no dia seguinte. O retorno será feito de maneira gradativa para que possamos avaliar e planejar de acordo com o tempo”, conclui.

Relembre o caso

Um adolescente de 14 anos estava na sala, acompanhando uma aula de Artes na Escola Municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental D Pedro I, quando tirou um revólver da mochila e começou a atirar. Testemunhas relataram à direção da escola que ele, inicialmente, não parecia ter um alvo específico, disparando na direção de todos.

Além da professora, nove alunos estavam na sala - uma estudante está em licença-maternidade. "Estavam fazendo atividade e, de repente, ele sacou a arma da bolsa e começou a atirar para cima, aí começou todo o terror", contou a diretora Jinelma Maria dos Santos.

Parte dos estudantes conseguiu escapar. Três foram baleados e morreram ainda no local. O atirador atirou contra si mesmo ainda na sala de aula e também morreu. As vítimas foram identificadas como Adriele Vitoria Silva Ferreira, Fernanda Sousa Gama e Jonathan Gama dos Santos, todos de 15 anos.

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro