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Da Redação
Publicado em 13 de setembro de 2023 às 12:18
O prefeito Bruno Reis comentou nesta quarta-feira (13) uma declaração do governador Jerônimo Rodrigues sobre a presunção de uma facção cobrando 'pedágio' a comerciantes em Cosme de Farias.
Jerônimo disse, segundo o Bahia.ba, que essa situação não é uma particularidade do estado.
“As facções têm feito um trabalho fazendo acontecer um crime com maior concentração em diversos estados do país. O governo federal está atento para isso. Não está acontecendo isso só na Bahia, mas temos a responsabilidade de cuidar de todo nosso estado. Indicadores nossos revelam que municípios têm indicadores maiores e, por isso, a gente está fazendo um esforço muito grande. Nós estamos fazendo a entrega diariamente de investimentos”, disse ele, pela manhã.
Bruno Reis comentou a fala do governador em um evento também pela manhã. "A realidade está aí, vocês estão vendo diariamente o que vem acontecendo. Não vai ser qualquer declaração minha que vai piorar ou melhorar o contexto que nós estamos. Tá errado a facção cobrar pedágio aqui ou em qualquer local do Brasil. São práticas que a gente condena e espera que as forças de segurança do governo, polícia, possa reagir e assumir controle das áreas, tá vendo aí a guerra de facções. Espera que a segurança pública tenha condições de restabelecer controle dessas áreas trazendo segurança e tranquilidade para as famílias".
Morte por não pagar facção
Morador antigo da comunidade Baixa do Tubo, no bairro de Cosme de Farias, o dono de uma revendedora de gás Gerson Leopoldino Andrade, de 69 anos, era conhecido como uma pessoa tranquila e justa, mas foi assassinado por não pagar R$ 7 mil à facção Comando Vermelho (CV). A execução foi da pior forma: a vítima sofreu disparos no rosto quando estava com a família, em via pública, durante horário de intenso movimento do comércio local, no último dia 28. Um recado aos demais comerciantes, que são obrigados a pagar uma taxa para continuar trabalhando na região. Atualmente, os moradores enfrentam um clima de bastante tensão, porque, segundo eles, em um mês, 15 pessoas foram assassinadas pelo CV na Baixa do Tubo.
Ainda de acordo com eles, há cerca de dois meses os suspeitos instituíram as cobranças, determinadas pelas lideranças do CV na Baixa do Tubo: os traficantes Leandro, o “Lacoste”, e Michel, que têm como local estratégico o Alto do Cruzeiro e a Rua Jaguarari. O ponto de venda de Gerson funcionava no final de linha. “Eles estão fazendo do mesmo jeito que agem lá no Rio de Janeiro. Mandaram um ‘cabeça’ cobrar ‘Gerson do Gás’ três vezes, que negou todas. Na última, o cara disse: ‘Não precisa pagar mais, não’. No outro dia, mataram ele”, contou um amigo da família da vítima.
Dias antes de ter sido assassinado, o comerciante comentava com os mais próximos a sua indignação. “Ele era um morador antigo, nunca teve problema com ninguém, gostava das coisas certas. Quando cobraram na primeira vez, ele disse que não tinha os R$ 7 mil, que nem tirava isso no final do mês, e que mesmo que tivesse, não pagaria”, relatou o vizinho.
Gerson morreu pouco depois das 11h, após um homem a bordo de um carro prata descarregar uma arma contra ele, na Rua Edson Saldanha, a via principal da Baixa do Tubo. Testemunhas relataram que a vítima tinha acabado de buscar a neta, junto com a filha, quando foi baleada na cabeça. Após a execução, donos de farmácias, casas de materiais de construção, padarias, lanchonetes, salões de beleza e outros pontos comerciais, que estavam em atraso, começaram a pagar ao CV.
“Todos estão desesperados. Eles [traficantes] já disseram que mais gente que está devendo vai morrer. Alguns pegando empréstimo para não ter o mesmo fim. Tem comerciante dando R$ 1 mil, R$ 2 mil, outros R$ 5 mil, R$ 7 mil, vai depender da avaliação deles e o valor mensal. Aqueles que não deram o dinheiro estão largando tudo. Teve gente que foi embora no mesmo dia que mataram Gerson do Gás”, contou outro morador. Segundo ele, nem os trabalhadores autônomos escaparam da taxação. “Quem é mototaxista paga R$ 50 por semana para rodar”, disse. O CORREIO esteve no bairro, mas nenhum comerciante e mototaxista aceitou falar sobre o assunto.