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Da Redação
Maysa Polcri
Publicado em 24 de julho de 2024 às 14:06
Um dos acusados de envolvimento na morte de Mãe Bernadete, Ydney Carlos dos Santos, conhecido como Café, havia tocado em uma banda com Binho do Quilombo, filho da líder religiosa. A informação foi divulgada pela delegada-geral da Polícia Civil, Heloisa Brito, nesta quarta-feira (24).
"Café conhecia Binho porque eles tinham tocado juntos em uma banda. Isso facilitava que ele tivesse entrada no quilombo. Ele então funcionava como um articulador", detalhou Heloisa Brito. Café foi preso na noite de terça-feira (23), no bairro de Stella Maris, em Salvador.
Segundo a delegada, ele queria convencer Mãe Bernadete a permitir o funcionamento de um ponto de venda de drogas no Quilombo. Além de impedir a comercialização dos entorpecentes, Mãe Bernadete também denunciava outros crimes praticados no local, como a extração ilegal de madeira, isso teria sido a motivação para o assassinato.
Heloisa Brito ressaltou que as as mortes de Mãe Bernadete não tem interlocução direta com a de Binho. "Isso, por sua vez, não significa que o assassinato do filho da ialorixá não tenha ligação com o tráfico de drogas, mas isso a Polícia Federal é quem irá dizer", disse Heloisa.
Relembre o caso
Mãe Bernadete foi assassinada no dia 17 de agosto de 2023, na sede da associação quilombola, na comunidade de Pitanga dos Palmares, no município de Simões Filho, na Região Metrpolitana de Salvador.
Segundo as investigações da ‘Operação Pacific’, realizadas pela Polícia Civil com apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) do MP e da 7ª Promotoria de Justiça de Simões Filho, a líder religiosa foi alvejada com 25 tiros de arma de fogo em várias partes do corpo, dentro da própria casa, onde estavam três netos dela, de 12, 13 e 18 anos.
As apurações chegaram a conclusão de que Mãe Bernadete foi executada porque se posicionou de maneira firme contra a expansão do tráfico de drogas na região e contra especificamente contra a construção da barraca ‘Point Pitanga City’, ponto de venda de drogas de Marílio e Ydney, edificada pelo grupo criminoso na barragem de Pitanga dos Palmares de forma ilegal, uma vez que o local é área de preservação ambiental.
As investigações tiveram o acompanhamento do Centro de Apoio Operacional de Direitos Humanos (CAODH) do MP. O Centro também acompanha as ações do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas (PPDDH), do governo federal, executado na Bahia pela Secretaria de Justiça e Direitos Humanos do estado (SJDH).
Júri popular
Três denunciados pelo assassinato da ialorixá e líder do Quilombo Pitanga dos Palmares vão a julgamento popular. A determinação judicial foi expedida na segunda-feira (22) pela 1ª Vara Crime de Simões Filho.
Os investigados foram identificados como Arielson da Conceição Santos, Marílio dos Santos e Sérgio Ferreira de Jesus. Eles serão julgados pelo Tribunal do Júri pelos crimes de homicídio qualificado cometido por motivo torpe, de modo cruel, sem possibilitar a defesa da vítima e para assegurar a execução. Arielson também responderá pelo crime de roubo. A Justiça determinou ainda a manutenção da prisão preventiva dos três.