Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Millena Marques
Publicado em 7 de julho de 2023 às 11:22
A irmã do pedreiro Antônio Cesar Caldas de Assis, que morreu após ter sido atingido por disparos de arma de fogo no bairro de São Gonçalo do Retiro, em Salvador, condenou a atuação da Polícia Militar na região, no final da tarde da última quinta-feira (6).
Ao CORREIO, Luciana Assis disse que o irmão não tinha nenhum vício, era uma pessoa cristã e trabalhadora. "Éramos uma família de 12 irmãos, todos vivos. Perdemos um após uma grande negligência desses policiais mal preparados, que entram nas ruas atirando, tirando vidas de inocentes, pais de família. Um absurdo."
Antônio Cesar, 52 anos, foi baleado na Rua 8 de Dezembro, durante uma operação policial na região. De acordo com a irmã, ele estava retornando à própria residência após um dia de trabalho – atuava como pedreiro na empresa de engenharia Moura Dubeux – quando foi atingido a 50 metros de casa, com vários tiros. "Só os que eu vi foram uns quatro", disse Luciana.
O corpo de Antônio já foi liberado pelo Instituto Médico Legal e está sob responsabilidade da funerária. Ele será sepultado neste sábado (8), às 11h, no Cemitério Quinta dos Lázaros.
Após a morte de Antônio, familiares e moradores do bairro realizaram um protesto contra a operação policial e exigiram uma investigação do caso. O comandante da 23ª Companhia Independente da PM, o major Luciano Jorge, esteve no local e negociou com os manifestantes a liberação da via.
Procurada pelo CORREIO, a Moura Dubeux confirmou que Antônio trabalhava como pedreiro na empresa há um ano, em uma de suas obras na capital baiana, e lamentou o ocorrido. "A empresa lamenta profundamente o ocorrido, se solidariza com a família e aguarda apuração dos fatos", diz trecho da nota.
Nota oficial da Polícia Militar
Por meio de nota, a Polícia Militar informou que agentes da 23ª CIPM realizavam patrulhamento em São Gonçalo, quando foram acionados com a denúncia da presença de homens armados nas proximidades do final de linha do bairro. No local, os policiais encontraram um grupo suspeito, que começou a atirar. Em seguida, eles fugiram.
Após o tiroteio, a guarnição recebeu uma nova denúncia de que um homem teria sido baleado no confronto inicial e havia sido encaminhado para uma unidade de saúde do bairro por moradores. A equipe policial envolvida na ação esteve no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), para prestar esclarecimentos e apresentar o armamento para perícia.
O caso é investigado pelo DHPP. Guarnições da 23ª CIPM, com o apoio de guarnições dos Batalhões Gêmeos e Patamo e da Rondesp Central reforçaram o policiamento na região, na noite após o ocorrido, e vão permanecer no bairro por tempo indeterminado.
*Sob a orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro