Entenda por que Vitória da Conquista é a cidade com mais mortes por dengue na Bahia

Município do sudoeste do estado decretou epidemia da doença

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Publicado em 2 de agosto de 2024 às 06:30

Vitória da Conquista recebeu a melhor nota entre as cidades da Bahia
Vitória da Conquista Crédito: Reprodução/Prefeitura Vitória da Conquista

Entre janeiro e agosto deste ano, 24 pessoas morreram em decorrência da dengue em Vitória da Conquista, no sudoeste da Bahia, e outros 36 óbitos suspeitos estão sendo investigados no município. Para ter uma noção, a segunda cidade com mais mortes, Encruzilhada, registrou cinco óbitos pela doença este ano.

Atualmente, o município é um dos 41 que decretaram estado de epidemia de dengue na Bahia. Os motivos para a situação alarmante do município podem ser muitos. De acordo com Amanda Maria Lima, coordenadora de Vigilância Epidemiológica de Vitória da Conquista, há dois principais.

“O que ocasionou o aumento da incidência da doença foi a presença de mosquitos Aedes aegypti nos domicílios e a ampla suscetibilidade das pessoas que vivem no município, [já que] Vitória da Conquista não tem registro de epidemias de dengue como em outras cidades do Brasil, ou seja, a população não havia entrado em contato com novos sorotipos, como o 2, por exemplo”, diz.

A infectologista Clarissa Cerqueira explica que o número alto de óbitos está relacionado ao clima e às chuvas da região. Além disso, a especialista afirma que os registros demonstram que as medidas de controle vetorial não estão sendo eficazes e que mais pessoas com comorbidades estão se infectando, o que leva à maior letalidade.

“Algo a ser investigado também é se os serviços de saúde estão preparados para receber e lidar com esses pacientes, para garantir que todos os pacientes tenham uma boa orientação”, diz.

Em fevereiro, Vitória da Conquista não se classificou entre os 115 municípios baianos escolhidos pelo Ministério da Saúde para receber a vacina contra a dengue, ficando, na época, sem previsão de receber doses do imunizante. Isso porque não atendeu ao critério de alta transmissão exigido pela pasta.

O Governo Federal priorizou municípios com mais de 100 mil habitantes, os que tiveram alta transmissão de dengue entre 2013 e 2022 e aqueles com maior predominância de dengue de sorotipo 2 (o que, segundo a coordenadora, a cidade não teve), de acordo com um informe publicado no site da prefeitura de Vitória da Conquista.

Em todo o estado, foram registradas 120 mortes até a última atualização do painel de acompanhamento de casos de dengue da Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab), na última segunda-feira (29).

Em 2024, são, até o momento, 42.804 casos notificados de dengue, sendo 33.959 confirmados, 7.199 descartados, 1.304 inconclusivos e 299 casos em investigação em Vitória da Conquista.

Em boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Vitória da Conquista na última quarta-feira (31), há registro de 51 novos casos suspeitos de dengue, sem registro de óbitos desde o dia 8 de julho.

O boletim apresenta também uma redução de 1.771 casos no número total de notificações suspeitas e confirmadas de arboviroses (dengue, zika e chikungunya) no município em 2024. De acordo com a Coordenação de Vigilância Epidemiológica (Viep), a redução é justificada pela análise e exclusão manual dos casos notificados de pacientes com a mesma infecção, que apresentavam registro duplicado no Sistema de Notificação de Agravos (Sinan) on-line, que permite fazer a notificação do mesmo paciente mais de uma vez.

Ações de combate

Para o controle da doença, Lima afirma que a prefeitura tem realizado estratégias como a capacitação e qualificação do trabalho dos agentes de endemias nos domicílios, atualização do manejo clínico da dengue aos profissionais dos hospitais e atenção básica para reduzir o agravamento e o óbito do paciente com diagnóstico de dengue. Além disso, ações educativas e intersetorial vêm sendo mantidas ao longo da epidemia, segundo a coordenadora.

As equipes de agentes de endemias desenvolvem, nas localidades da zona urbana e rural com maior índice de infestação ou de notificações, o trabalho de tratamento focal, educação em saúde com a população, bloqueio e borrifação de inseticida ultra baixo volume (UBV) com fumacê costal nessas áreas. Os carros fumacê também estão prestando apoio nas ações de combate, fazendo a pulverização em 10 localidades do município, até o dia 10 de agosto.