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Larissa Almeida
Publicado em 28 de novembro de 2024 às 05:43
A previsão do tempo do Instituto Nacional de Meteorologista (Inmet) indicou, na última sexta-feira (22), a possibilidade de formação de um centro de baixa pressão – também conhecido como ciclone – próximo ao litoral baiano. O fenômeno teria como efeito a queda de chuva nas cidades baianas, mas ele sequer chegou no continente. Ainda assim, as chuvas atingiram as cidades, sobretudo a capital Salvador, que registrou em três dias um acumulado de chuva equivalente ao triplo do que era esperado para todo o mês de novembro. >
De acordo com Andrea Ramos, meteorologista do Inmet, o ciclone não adquiriu força e, por isso, não foi responsável pelas chuvas. "Ele se formou de uma maneira bem rápida, ficou ali no oceano e se dissipou rápido. Isso porque havia um sistema de alta pressão que o enterrou e levou para o oceano. A grande questão que está provocando essas chuvas é esse suporte de umidade que está chegando do oceano", afirma.>
Sosthenes Macêdo, diretor-geral da Defesa Civil de Salvador (Codesal), por sua vez, não descarta a possibilidade de o ciclone ter influenciado o mau tempo que acomete a capital baiana. "O fenômeno pode ter favorecido a nebulosidade intensa na cidade e influenciado no estacionamento da frente fria que passou por Salvador. Os estragos são por conta dessa frente fria, que tem previsão de perder intensidade hoje", esclareceu.>
Segundo o diretor-geral da Codesal, a frente fria estava sendo acompanhada pela entidade desde que ela estava passando pela região Sudeste a caminho de Salvador. No entanto, enquanto São Paulo registrou 100 milímetros de chuva em 24 horas e Rio de Janeiro contabilizou 140 milímetros em 72 horas, Salvador teve localidades que registraram mais de 330 milímetros em três dias.>
"Esperávamos que chegasse aqui e tivéssemos, efetivamente, 150 a 160 milímetros em 72 horas, mas extrapolou todas as expectativas. Tem mais de 400 milímetros nesse mês de novembro, sendo que a média histórica é de 108 milímetros. Então, agora é trabalhar para afastar o risco das pessoas que estão na situação de moradia em locais encharcados", disse Sosthenes Macêdo.>
No bairro de Saramandaia, local que registrou pelo menos três casos de desabamento em razão do deslizamento de terra, o representante da Codesal explicou que os acidentes ocorreram porque o volume de chuva foi muito grande e provocou o encharcamento do solo na área aberta ao redor do lugar onde um acidente também aconteceu, no bairro de Pernambués, e levou a terra até Saramandaia. >
"O acumulado de terra rompeu na parte superior e não foi um escorregamento superficial, mas um escorregamento que rompeu a terra de tal modo que carregou as casas que estavam na parte superior, em Pernambués , trazendo elas até a área de Saramandaia", detalhou.>
Até o momento, três pessoas foram socorridas com vida em Saramandaia. Foram eles: Diane Andrade, 33 anos, Marcelo Heitor, seis anos, e Adriano dos Santos, 30. As equipes de resgate e salvamento estão em busca da quarta vítima, o adolescente Paulo Andrade, 18.>