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Larissa Almeida
Publicado em 24 de janeiro de 2025 às 05:00
Entre os restaurantes, bares, hotéis e espaços culturais no bairro do Santo Antônio Além do Carmo, estão os casarões históricos de arquitetura harmônica que compõem o charme do lugar que se tornou um point entre os boêmios. Naqueles imóveis há poucos moradores recém-chegados e cada vez mais placas de “vende-se”. Isso porque, quem tem se desfeito dos espaços são os residentes mais antigos, que estão deixando o bairro progressivamente. >
A professora Jaqueline Santana, 49 anos, nasceu, cresceu e fincou raízes no Santo Antônio Além do Carmo. Lá, ela fez amizades, mas também perdeu muitos amigos, que cansaram do som alto, gritaria e confusões existentes no bairro aos finais de semana. “As festas começaram a incomodar os moradores, principalmente idosos. Aqui é um bairro católico e que tem famílias antigas”, pontua. >
“Agora, tem muita algazarra e, por isso, muitas pessoas já venderam suas casas. Tem uma vizinha agora, que mora ao lado de um estabelecimento que fica aberto até 3h. Então, ela decidiu, junto com as irmãs, que nasceram e foram criadas aqui, que iria se mudar. São pessoas já acima dos 60 anos, que estão saindo por conta do barulho”, relata Jaqueline. >
Os incômodos com a poluição sonora, no entanto, não são o único motivo. Isso porque, após a reforma de requalificação do bairro, entregue em 2021, houve bastante especulação imobiliária. De acordo com a corretora de imóveis Luciana Rocha, as casas na rua principal têm valores a partir de R$ 1 milhão, sendo este um preço médio maior do que algumas localidades da Barra. >
“É um nível bem alto de moradia, bem parecido com o perfil da Barra. Aqui tem poucas unidades para venda e muita gente abrindo comércio. Então, tem pouco para vender e muita gente para comprar. Muitas pessoas, inclusive, chegam com proposta de venda para os moradores”, conta a corretora. >
Uma das clientes que Luciana está no processo de venda da casa, está saindo por insatisfação com as mudanças do bairro. “Virou comércio e no Carnaval tem muita gente. Ela estava acostumada com o bairro tranquilo e familiar. As festas acabaram com o sossego e, como ela não gosta de movimento, está querendo sair”, diz. >
Já o proprietário de um restaurante, que também vivia no Santo Antônio Além do Carmo, quer se desfazer do imóvel pelo alto preço de venda. “Estou vendendo porque quero fazer outros investimentos. Não tem nada a ver com o que o pessoal fica dizendo sobre barulho. Não tem nada disso. Tem muita gente querendo chegar no Santo Antônio também, comprar imóvel aqui está caro porque está tudo valorizado”, diz.>