'Enfrentaram a polícia e por conta disso 12 tombaram', diz Jerônimo sobre mortos em Fazenda Coutos

O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, anunciou que pediu que se investigue um possível "exagero policial" na operação que deixou 12 mortos em Fazenda Coutos, no Subúrbio de Salvador, na terça de Carnaval (4). Segundo o petista, os suspeitos "enfrentaram a polícia e por conta disso 12 tombaram". 

As declarações foram foram feitas em um programa que o governador mantém on-line, o Fala Jero, na noite da quarta-feira (5). 

Jerônimo diz que a região de Fazenda Coutos estava sofrendo após dois dias que membros de uma facção invadiram localidade dominada por rivais. "Aconteceu em Fazenda Coutos a morte de 12 pessoas. Essa comunidade tinha sido violentada, e por muito tempo durante os dois dias a comunidade estava se queixando com a polícia, mandando pedidos de presença. Realmente a inteligência detectou através de câmeras a disputa de facções e uma delas se colocando como vencedora, ganhou espaço, queria mandar, proibindo as pessoas de circularem", afirmou. Ontem, o secretário Marcelo Werner, da Segurança Pública, disse que moradores chegaram a ser expulsos de casa e outros foram mantidos refém. 

O governador afirma, como indica a polícia, que todos os mortos eram suspeitos que reagiram a abordagem. Uma investigação será feita, contudo, para verificar se houve exageros. "De imediato a Polícia Militar estudou a área, mas eles enfrentaram a polícia e por conta disso 12 tombaram. Pedimos já para que todo estudo seja feito para averiguar se houve algum exagero da polícia. Hoje à tarde o secretario de Justiça e Direitos Humanos se reuniu com MP, Defensoria, para poder zelar... E o estudo está acontecendo para a gente poder averiguar se houve algum exagero". 

Mortos identificados

Onze dos 12 mortos já foram identificados. O último ainda está sem identificação formal. Todos eles têm idades variando de 17 a 27 anos. Cinco corpos já foram liberados pelo Departamento de Polícia Técnica (DPT) e já podem ser buscados por familiares para o sepultamento. O DPT ainda trabalha na identificação do 12º morto.

Veja os nomes:

1. Davi Costa dos Anjos - 17 anos
2. Douglas Campos da Silva Batista - 27 anos
3. Félix de Oliveira Rodrigues - 19 anos
4. Francisco Ariel Freire Santos - 27 anos
5. Jackson Vitor Araújo dos Santos - 20 anos
6. João Cledison Santos Souza - 18 anos
7. Leidson Maxwel da Costa Silva - 27 anos
8. Paulo Ricardo Santos Pereira - 17 anos
9. Samuel da Luz Nascimento de Sousa - 24 anos
10. Uendel Vitor Rodrigues dos Reis - 20 anos
11. Wendel Henrique Nunes dos Santos - 20 anos

Disputa de facções

Apesar de estarem em Fazenda Coutos, as localidades conhecidas como Madeirite e Theotônio Vilela têm atuação de facções distintas que entraram em confronto antes da ação policial que acabou com 12 mortos na tarde de terça-feira (4). Na primeira, o tráfico de drogas está na mão de ‘A Tropa’. Na segunda, onde os suspeitos foram mortos, há atuação histórica do Bonde do Maluco (BDM). Uma divisão geográfica que quase teve fim por conta de uma traição interna no BDM e da união da facção A Tropa com integrantes do Comando Vermelho (CV), como informa uma fonte policial.

“Há dois dias, já existia a informação de que dois traficantes do BDM tinham virado, quando você sai de uma facção para outra, e estavam botando o terror no Theotônio. Depois, esse número subiu para três. Logo na madrugada de terça-feira, esses relatos se multiplicaram e a polícia teve acesso às imagens que atestavam o movimento dos da Tropa que estavam no Madeirite e desceram para o Theotônio, já com os integrantes do Comando Vermelho”, relata o policial, que terá nome e cargo preservados.

O secretário Marcelo Werner, da Secretaria da Segurança Pública (SSP), também falou do episódio. "Houve inicialmente uma área de conflito entre eles mesmos, entre as facções, na disputa que eles promovem em violência para o domínio de território, para tentativas de domínio de território", diz. Informações colhidas por denúncias e videomonitoramento comprovaram "o bonde chegando àquela localidade para provocar terror e a morte", acrescentou o secretário. Segundo ele, além de moradores expulsos de casa, há relatos de pessoas que permaneceram sob cárcere privado por horas na mira dos bandidos.