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Saulo Miguez
Publicado em 31 de março de 2024 às 19:48
Um dia após encerrar os voos de Salvador a cidades do interior da Bahia, a empresa de aviação VoePass cancelou um voo que levaria 72 passageiros de Fernando de Noronha para as cidades de Natal e Fortaleza. >
O episódio aconteceu em pleno domingo de Páscoa (31). O avião vinha de Recife e tinha previsão de decolar às 16h50. No entanto, um atraso não explicado pela companhia, somado à chuva e ao teto de horário para levantar voo na ilha, às 18h16, obrigou o piloto a arremeter duas vezes, já na cabeceira da pista, e voltar para a capital pernambucana. >
"Se o voo tivesse acontecido no horário que estava previsto para acontecer, isso não teria ocorrido. Tanto que os passageiros que estavam aqui e embarcaram de Azul, conseguiram viajar", explicou a advogada e passageira prejudicada Stela Câmara. >
Além de perderem o voo, os clientes da VoePass não receberam assistência da companhia e sequer encontraram funcionários que pudessem dizer a previsão do próximo embarque. >
A ginecologista de Fortaleza Rayanne Pinheiro contou que a sua agenda estava cheia de atendimentos nesta segunda-feira (1°), mas que agora precisará reorganizar todos os compromissos. >
"As pessoas que estão aqui no aeroporto têm algum relato negativo da empresa. Ou tiveram algum imprevisto, ou sabem de alguém que passou por algo. E gente percebe nitidamente uma desorganização e falta de compromisso da companhia", desabafou. >
Um funcionário do aeroporto Governador Carlos Wilson contou que outros passageiros de um outro voo da mesma companhia que iria para Recife e que também foi cancelado vivem situação semelhante. Essas pessoas, segundo esse funcionário, foram mandados para pousadas sem sequer ter vaga. >
Dificuldades na ida >
Os problemas de Rayanne, e de alguns outros clientes que compraram bilhete de ida e volta pela Viapass, começaram já no embarque para Noronha. >
Ela conta que pagou por um vôo direto (Fortaleza - Fernando Noronha), mas, de maneira totalmente inesperada, foi incluída uma escala, em Natal, que gerou um atraso de cerca de duas horas na chegada ao destino de férias. >
"Quase não conseguimos embarcar por conta de lotação, dificuldades para realizar o check-in e diversos outros problemas", disse. >
Para além do atraso, os passageiros ficaram cerca de 40 minutos na aeronave com o ar-condicionado desligado. As condições de higiene do avião, do modelo ATR-72, também eram precárias, com lixo e sujeira espalhados por entre as poltronas e no corredor, e o banheiro sujo e com mau cheiro. >
Judicialização >
O também médico Marcus Bessa expressa o desejo dos passageiros e espera um mínimo de respeito por parte da companhia. "Só o que a gente quer é que a companhia coloque esse voo amanhã (segunda-feira), que seria a medida mais lógica, mesmo não resolvendo tudo. Mas o problema é que a gente não sabe que dia eles terão esse embarque". >
Após a confirmação do cancelamento, os 72 passageiros se dirigiram ao balcão de atendimento do aeroporto onde pegaram a declaração de atraso e cancelamento referente ao voo 2353. Eles também organizaram um grupo de Whatsapp para trocar informações e estão organizando uma ação judicial conjunta. >
Problema crônico >
Os problemas da VoePass não se resumem ao voo 2353. Somente na plataforma Reclame Aqui, entre março de 2021 e março de 2024, a empresa colecionou 1129 queixas. >
O tempo médio de resposta da companhia é de 16 dias e sete horas. Além disso, ela só resolveu 28,8% das queixas e, na mesma plataforma, apenas 16,3% dos clientes declararam que voltariam a fazer negócio com a companhia. >
No último sábado (30), a ela encerrou as linhas que operava de Salvador para as cidades do interior da Bahia. Com isso, os municípios de Barreiras, Guanambi, Lençóis, Paulo Afonso, Teixeira de Freitas e Vitória da Conquista deixaram de ficar conectados com a capital pela companhia. Os voos eram realizados em parceria com a Latam. >
A VoePass foi procurada, mas ainda não se manifestou sobre o caso específico do voo Noronha-Fortaleza e demais queixas relacionadas à empresa. >