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Embasa acumula mais de 40 reclamações no Procon em 2025; queixas quase dobraram nos últimos cinco anos

Segundo Embasa, quatro reclamações são referentes a falta de água; é possível que haja subnotificação

  • Foto do(a) author(a) Larissa Almeida
  • Larissa Almeida

Publicado em 10 de janeiro de 2025 às 02:15

Conserto está em andamento
Embasa Crédito: Divulgação

Nos primeiros dias de 2025, pelo menos 43 baianos registraram reclamações contra o serviço da Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa). As queixas foram levadas à Superintendência de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-BA). Segundo a própria Embasa, quatro delas ocorreram por falta de água, mas essa é apenas a ponta do iceberg. Isso porque, é possível que haja subnotificação da insatisfação de clientes com a fornecedora de água, uma vez que diversos imóveis em cidades turísticas, sobretudo no Litoral Norte, têm enfrentado desabastecimento que duram até 23 dias.

O número de reclamações no órgão de defesa do consumidor representa cinco por dia contra a Embasa. Os dados foram obtidos com a Procon-BA, na última quarta-feira (8). No ano passado, ao todo, foram 2.552 reclamações registradas em desfavor da concessionária, número 82% maior do que o registrado em 2020, quando foram feitas 1.398 queixas.

A Embasa esclareceu que, das 2.552 reclamações registradas ao longo de 2023, somente 45 foram classificadas como reclamações de falta de água fundamentadas – classificação dada pelo próprio Procon. Ainda, acrescentou que, no caso de 2020, a comparação não se aplica. “Aquele foi o ano da pandemia de covid-19, quando houve a interrupção do recebimento de reclamações durante um período, em função das restrições da época”, justificou em nota.

Desabastecimento

Em janeiro deste ano, pelo menos seis localidades do Litoral Norte tiveram o fornecimento de água interrompido. Em Barra do Jacuípe, moradores do loteamento Planeta Água relatam desabastecimento de até 23 dias no condomínio Ampla. O síndico Ubiraney Ribeiro Porto, 61 anos, conta que o problema é antigo.

“Eu moro há oito anos como morador e o resto da experiência que tenho aqui é como frequentador no verão. Já enfrentei muitos perrengues, principalmente em Barra do Jacuípe, Monte Gordo e Guarajuba. Era tão rotineiro que a gente estava acostumado com aquilo e ia procurar algumas lagoas e rios para tomar banho. Era assim no Natal, Ano Novo e no Carnaval”, afirma.

Não fosse pela facilidade de contratação de um caminhão-pipa, o cenário de 30 anos atrás retratado por Ubiraney voltaria a ser realidade. É que, de acordo com o síndico, houve pelo menos sete dias sem água na região. Ele, que viajou no final do ano, voltou e já encontrou reclamação dos moradores.

“Muitos moradores têm recorrido a compra de água em carros-pipa, que custam entre R$ 1,7 mil e R$ 2,2 mil. Então, eles ficam sofrendo com essa situação e tomando um prejuízo enorme. Eu não cheguei a comprar água porque só são duas pessoas na minha casa e o consumo é baixo. Eu tenho reserva de quase R$ 8 mil litros e consigo administrar. Mas, no condomínio, vejo muita gente afetada”, relata Ubiraney.

O síndico ainda classifica o desabastecimento no condomínio na reta final de 2024 e no início deste ano como o pior depois de tantos verões. A percepção dele é compartilhada pelo empresário Emanuel Silva, 54, que vive no condomínio Greenville, também em Barra do Jacuípe. Ele afirma que o problema vem se agravando a cada ano.

“Sofri com falta de água por quatro dias consecutivos. Inclusive, tenho 5 mil litros de [capacidade no] tanque subterrâneo e 2 mil litros [no tanque] superior, e não caiu uma gota de água, além de faltar na piscina. Precisei contratar um carro-pipa de R$ 1,3 mil. Fiquei com o sentimento de frustração, pois esse problema é recorrente. [...] Esse ano nem os tanques subterrâneos encheram”, desabafa.

Em Monte Gordo, a situação da dona de casa Rosa Noronha, 58, é ainda mais delicada porque, quando a Embasa foi fazer a ligação de água do bairro, a casa em que vive ficou recuada em relação às demais. Com a expansão de moradias na região, outras casas ficaram geograficamente mais perto das tubulações de água e, toda vez que há episódio de desabastecimento, Rosa é a última a receber água.

“Fiquei sem água totalmente por uns seis dias. Minha salvação foi a cisterna que tenho. Eu, que só uso a água da Embasa para banho e para fazer comida, fiquei comprando água mineral. [...] Aqui, já há um bom tempo, quando chega em época de veraneio e em período de festa junina, a demanda fica muito grande e a Embasa fecha água. Para mim ainda é pior. Eu fico à mercê do povo encher piscina e seus tanques. Só quando eles desligam as torneiras que a água vem”, detalha.

Em dias de fornecimento normalizado, Rosa só compra um garrafão de água por semana. Durante o desabastecimento, foram pelo menos quatro por semana. Com familiares visitando a casa no final do ano, o consumo foi maior e consequentemente o gasto, que ela nem contabilizou. “É chato, porque eles não procuram se preparar para isso. Sabem que quando chega o meado e o final do ano a procura é muito grande em Monte Gordo e Guarajuba”, aponta a dona de casa.

“Estão fazendo outro Alphaville na região e eu me pergunto: quando esse povo todo começar a vir veranear aqui, como é que a gente vai ficar? Como é que vai ficar essa situação? Eles têm que procurar ver isso porque sem água a gente não faz nada. Teve muitos vizinhos que vieram pegar água da bomba. Se eu não tivesse com esse poço, não sei o que seria da gente”, completa.

O que diz a Embasa

Segundo a Embasa, durante o período de verão, no qual, além do aumento do consumo que chega a triplicar nas áreas de praia com turistas e visitantes temporários, podem ocorrer oscilações ou interrupções temporárias no abastecimento, principalmente em imóveis que ficam nas partes mais altas e distantes dos reservatórios.

“Por este motivo, a empresa trabalha para realizar ajustes operacionais visando compatibilizar a demanda e a oferta, reforçar equipes para fazer os reparos na rede com agilidade e instalar geradores em estruturas como captação, estações de tratamento e de bombeamento, dentre outros”, disse em nota.

A concessionária ainda esclareceu que falta de água pode ocorrer por diversos motivos, entre eles falta de energia elétrica para os equipamentos do sistema, vazamento, redução de pressão nas tubulações, vandalismo ou furto de equipamentos do sistema, aumento exacerbado do consumo ou ausência de reservação adequada para atender as necessidades dos ocupantes do imóvel.

“Quando ocorre variação da pressão na rede distribuidora, por exemplo, seja por conta de vazamentos ou de obstruções, os imóveis com mais de um pavimento e que não possuem reservatório são os mais afetados”, finalizou.