Em show gratuito, Daniela Mercury faz releitura de 'O Canto da Cidade' com Orkestra Rumpilezz

Evento que aconteceu na tarde deste domingo (29), no Parque da Cidade, ainda contou com participação do Ilê Aiyê e reuniu multidão

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  • Larissa Almeida

Publicado em 29 de outubro de 2023 às 20:41

Daniela Mercury teve figurino inspirado em seu álbum de sucesso na década de 90 e nas cores do Ilê Aiyê Crédito: Ana Lucia Albuquerque/CORREIO

Raio e trovão que canta e encanta por onde passa. Assim foi anunciada Daniela Mercury pela Orkestra Rumpilezz durante show que misturou os ritmos do axé, jazz e ijexá aos atabaques, sopro e percussão numa apresentação inédita e gratuita no Parque da Cidade, na tarde deste domingo (29). Colorida com as cores do Ilê Aiyê em um figurino franjado feito de macramê, Daniela foi rodeada pelos músicos da orquestra, vestidos com trajes brancos, para fazer uma releitura de O Canto da Cidade, seu álbum de sucesso da década de 90.

O evento, que foi realizado pela Colgate com parceria do Ministério da Cultura, faz parte do projeto Colgate Clássicos, que une música clássica e artistas de música popular. A ideia é proporcionar ao público de Salvador uma mistura de ritmos e uma experiência única com a edição "Viva o Axé". Não à toa o cenário escolhido foi o Parque da Cidade, local que tem forte tradição com a música baiana e já recebeu shows de diversos artistas da cena regional e nacional.

Depois da pandemia de covid-19, o lugar já recebeu festivais e outras apresentações musicais e, agora, teve seu momento de retomada ainda mais evidenciado com o brilhantismo de Daniela Mercury e da Orkestra Rumpilezz. "A gente raramente se encontra num evento na cidade. Eu estou muito feliz porque eu os convidei. Esse projeto reúne a essência da cultura popular com os artistas. Misturamos jazz, as bases do Ilê Ayê, afinal de contas, todo mundo veio das origens de candomblé”, destacou Daniela.

Antes mesmo da chegada da artista ao palco, os fãs e aqueles que só queriam apreciar um bom som já estavam se deixando levar pelo ritmo cadenciado da Banda Erê, projeto social do bloco Ilê Aiyê que forma alunos para aprenderem dança, percussão e música. O grupo musical fez o show de abertura do evento e caiu no gosto do público que aguardava ansiosamente as atrações principais.

Ao lado do neto de 9 anos, a aposentada Maria Bárbara Barbosa, 65 anos, estava no limite do gradil que separava a plateia do palco curtindo a apresentação da Banda Erê, ainda que seu foco principal fosse Daniela Mercury. “Estou amando. Esse show de graça só na Bahia, não existe outro lugar. Estou me balançando já aqui, mas estou animada para ver Daniela. Sempre gostei dela”, declarou.

A aposentada Maria Bárbara Barbosa levou o neto Vinicius Figueiredo para assistir ao show Crédito: Ana Lucia Albuquerque/CORREIO

Logo após a primeira atração, foi a vez da Orkestra Rumpilezz subir ao palco, às 16h30, para encantar os olhos e ouvidos atentos a cada arranjo forjado pelas mãos hábeis que batiam o atabaque. Somente uma hora depois Daniela se juntou a eles para cantar os versos de O Canto da Cidade. “O Canto da Cidade é uma música afro com rock’n roll e pop. Sou eu, baiana, fazendo a releitura da minha cidade, mas afirmando tudo que eu acredito. É imperdível esse show com o Rumpilezz e o Ilê Aiyê”, disse a cantora.

Da plateia, a dona de casa Maria Célia aplaudia empolgada cada palavra, gesto e movimento que partia da artista que era fã. Aos 53 anos, completados no último sábado (28), ela conta que nunca foi ao show da ídola, a quem acompanha há mais de duas décadas. Aquela estava sendo, assim, sua primeira vez.

“Foi ontem meu aniversário e meu presente foi ver ela hoje. Nunca fui ao show dela porque é caro para quem tem três filhas e marido que trabalha sozinho. Mas estou feliz hoje. Estou de ressaca desde ontem para ver ela. É o melhor presente da minha vida. Estou realizada”, enfatizou, emendando em seguida trechos da música de Daniela.

Embalando clássicos como ‘Swing da Cor’ e ‘Maimbê Dandá’, a cantora fez uma homenagem ao fundador da Orkestra Rumpilezz, o falecido maestro e compositor Letieres Leite, cantando ‘Feijão de Cordas’ com um arranjo feito por ele há cerca de 20 anos, estendido pelos demais músicos para a apresentação. Emocionada, Daniela aproveitou a oportunidade para agradecer pelo legado deixado por Letieres.

Trompetista da orquestra, Guiga Scott teceu elogios ao encontro proporcionado pelo projeto. “Para mim, é uma honra se encontrar com essa entidade ancestral, que é o Ilê Aiyê. A Rumpilezz busca também esse espaço. Daniela é outra entidade, uma figura, minha amiga de infância, desde os 14 e 15 anos. [O nome do evento] é Colgate Clássicos porque são clássicos que estão aqui. É um encontro maravilhoso”, definiu.

Orkestra Rumpilezz e Daniela Mercury Crédito: Ana Lucia Albuquerque/CORREIO

Por volta das 18h10, o Ilê Aiyê foi chamado por Daniela para se apresentar ao seu lado. Juntos, eles entoaram ‘Pérola Negra’. A sós, o Ilê cantou ‘Quem é que Sobe a Ladeira do Curuzu?’, levando o público ao êxtase. “Está lindo. A Rumpilezz é fantástica. Agora, Daniela trazendo essas músicas que lembram o Carnaval junto com o Ilê está lindo. Valeu a pena ter vindo”, afirma o servidor público Laino Sampaio, 38 anos.

*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo