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Elevador que caiu deixando 2 mortos passou por avaliação cinco dias antes de acidente, diz condomínio

Técnico validou totalmente segurança do equipamento, afirma administração

  • Foto do(a) author(a) Carol Neves
  • Carol Neves

Publicado em 16 de novembro de 2024 às 09:24

ESplendor
Splendor Crédito: Maysa Polcri/CORREIO

A administração do condomínio do edifício em que o elevador despencou matando dois trabalhadores, no Horto Florestal, afirmou que a manutenção estava em dia e a última avaliação do equipamento havia sido feita no dia 9 de novembro, quando um técnico validou a segurança.  As informações são da TV Bahia.

O acidente aconteceu na quinta-feira, quando Ariston de Jesus Santos, 61 anos, e Manoel Francisco da Silva, de 54, estavam trabalhando na mudança de um apartamento do edifício Splendor Reserva. O elevador caiu do sexto andar, cerca de 25 metros, matando os dois trabalhadores. 

Em nota, o condomínio informa que desde de fevereiro de 2021 tem um contrato para manutenção dos elevadores com a Atlas, que é fabricante dos equipamentos. A manutenção acontecia mensalmente nos dois elevadores sociais e nos dois de serviço, diz o texto, "e, segundo a empresa, estavam em perfeitas condições de operação no momento do ocorrido". 

"Na última avaliação mensal de rotina realizada pela Atlas Schindler no dia 09 de novembro, o técnico responsável validou integralmente a segurança do equipamento. O comentário técnico disposto no laudo, segundo informação da própria empresa ao condomínio, refere-se ao serviço que foi realizado nesta visita e não se relaciona com risco de queda", diz a nota. 

O condomínio afirma ainda que está prestando os esclarecimentos à polícia e agora aguarda resultado da perícia, além de se solidarizar com as famílias dos dois trabalhadores. Não foram feitos comentários sobre denúncias de que o mesmo elevador que caiu havia passado por problemas recentemente, segundo familiares ouviram de funcionários do prédio. 

Manoel Francisco da Silva e Ariston de Jesus Santos
Manoel Francisco da Silva e Ariston de Jesus Santos Crédito: Reprodução

A Atlas, fabricante e responsável pela manutenção, lamentou a morte dos trabalhadores e afirmou que está cooperando com as autoridades na investigação.

Leia a nota do condomínio

"O Condomínio Splendor Reserva do Horto informa que, desde 1º de fevereiro de 2021, mantém um contrato de "Atendimento Avançado Total" com a empresa Elevadores Atlas Schindler, especializada na manutenção dos elevadores e fabricante do equipamento em questão. Este contrato garante a manutenção integral de todos os equipamentos do edifício, incluindo dois sociais e dois de serviço, conforme as diretrizes estabelecidas pela fabricante.

Todos os equipamentos passam mensalmente por avaliações periódicas e por processo de manutenção preventiva, realizadas exclusivamente pela Atlas Schindler, e, segundo a empresa, estavam em perfeitas condições de operação no momento do ocorrido.

Na última avaliação mensal de rotina realizada pela Atlas Schindler no dia 09 de novembro, o técnico responsável validou integralmente a segurança do equipamento. O comentário técnico disposto no laudo, segundo informação da própria empresa ao condomínio, refere-se ao serviço que foi realizado nesta visita e não se relaciona com risco de queda.

A administração do condomínio vem prestando todos os esclarecimentos necessários à autoridade policial e aguarda a conclusão da perícia conduzida pela Polícia Civil da Bahia e pela própria Atlas Schindler para identificar a causa do acidente. Toda comunidade do condomínio está transtornada com o acontecimento e se solidariza profundamente com a dor das famílias das vítimas.

Administração do Condomínio Splendor Reserva do Horto."

Enterro

Enterro de trabalhadores foi cheio de emoção e revolta
Enterro de trabalhadores foi cheio de emoção e revolta Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

Os familiares e amigos dos dois trabalhadores clamaram por justiça durante o enterro realizado no Cemitério Parque Bosque da Paz, em Nova Brasília, Salvador, ontem. 

Durante a cerimônia, Diogo Maurício dos Santos, filho de Ariston, não conteve as emoções, a ponto de cair ao chão e ter perda de ar, precisando de amparo dos outros convidados. Ao se levantar, o parente exclamou: “Eu sou pai, eu sou filho, eu sou ser humano. Esse condomínio da desgraça tirou a vida de dois pais de família, dois trabalhadores. Eles sabiam que tinha problema, eles podiam ter colocado eles no social, colocado eles nas escadas, mas não colocaram”. Em seguida, um coral uníssono gritou por “justiça” em frente a lápide das vítimas.

Primo de Ariston, José Nilton Santana declarou que a perda do parente é enorme. "Isso não é a toa [o acidente], principalmente em um prédio de luxo. Cada lado está falando alguma coisa, mas alguém tem que tomar a responsabilidade", disse.

Em meio a uma multidão vestida de preto, com muitos carregando flores, o clima era fúnebre e de impaciência. O evento estava planejado para acontecer às 14h30, mas a chegada dos corpos atrasou. Os presentes, que estavam atordoados com a perda, caíram em lágrimas com a chegada de Ariston e Manoel. Em cima dos caixões, estava uma coroa de flores com uma mensagem: “Com todo amor e carinho de sua família”.