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Wendel de Novais
Publicado em 21 de agosto de 2024 às 09:30
A família de Diego Bispo, 27 anos, está inconformada com as agressões cometidas por integrantes de uma torcida organizada do Bahia, que deixaram o jovem em estado grave no Hospital Geral do Estado (HGE). Ele sofreu traumatismo craniano e segue inconsciente.
Mãe do jovem, Jandiara Almeida, 45, afirma que o crime deixou a família abalada. "Como é que 27 agressores, encontrados com bastão de beisebol, pedaço de ferro, pedra de concreto e coisas usadas para matar, são liberados? Não é possível que não foi constatado o crime. Agora, estão todos eles soltos e o meu filho preso em uma cama de hospital. Ainda tripudiam da situação e se orgulham disso. Coisas que só a impunidade faz acontecer", fala.
Jandiara conta que está muito angustiada com a situação do filho, porque o jovem "está entre a vida e a morte". "Diego não é só filho, é pai também. Ele tem um filho de oito meses, que está com o pai nessa situação. Eu estou arrasada, porque ele tem uma paixão muito grande por esse filho e está nessa situação. Eu não sei nem o que é que a gente vai fazer, sabe?", questiona ela.
Medo
Todos ao redor de Diego destacam a paixão que ele tem pelo Vitória. Pai do jovem, Bira Bispo, 55, afirma que essa é a primeira vez que o filho se torna vítima de violência por causa do time que escolheu para torcer, mas admite que sempre temeu episódios dessa natureza.
"Diego é apaixonado pelo Vitória, vai em muitos jogos e sempre me chamava para ir. Eu sou cinegrafista há mais de 30 anos, vi muitos casos como esse e sempre temi. Com o tempo, porém, a gente vai achando que isso não vai acontecer com alguém próximo, mas acontece. Agora, estamos aqui sem saber o que vai acontecer", lamenta ele.
Liberação de torcedores
Em nota, a Polícia Civil confirmou que "o grupo foi conduzido para a delegacia por policiais militares, onde foi ouvido e liberado". Ainda segundo a polícia, um inquérito foi instaurado na Central de Flagrantes para apurar os crimes de lesão corporal, roubo, associação criminosa, rixa e promover tumulto, praticados por integrantes de uma torcida organizada. Quatro pessoas foram agredidas pelos torcedores e três delas já foram ouvidas na unidade policial. Diego, que está no HGE, prestará depoimento após alta médica, segundo a polícia.
Com o grupo levado para a delegacia foram apreendidos 20 celulares, um estilete, uma barra de ferro, uma pedra e dois cassetetes, que teriam sido usados durante as agressões.
A polícia disse ainda que equipes estão em campo para coletar imagens de câmeras da região que auxiliem na identificação dos agressores, que até o momento não foram reconhecidos por nenhuma das vítimas. Outras oitivas e diligências serão realizadas para esclarecer o caso. O procedimento será encaminhado para a 10ª Delegacia Territorial de Pau da Lima, que seguirá com a investigação.