'Ele gritou muito': testemunha relata como foi o acidente em parque de diversões em Cajazeiras

Brinquedo despencou e deixou dois feridos

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Publicado em 16 de fevereiro de 2024 às 10:47

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Parque de diversões em Cajazeiras Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

Vitória Moreira, 27 anos, moradora de Águas Claras, estava no momento em que o brinquedo Intoxic quebrou no Campo da Pronaica, em Cajazerias, na noite de quinta-feira (15). Os gritos de Andrei Peroba, 20 anos, assustaram quem estava no local.

Com o braço preso no brinquedo, ele foi o único que não conseguiu sair e teve que esperar a chegada do Corpo de Bombeiros para ser resgatado. Segundo a família, o jovem teve o braço amputado.

Após o acidente, a Defesa Civil embargou o parque e informou que os responsáveis devem apresentar laudos dos equipamentos instalados no espaço.

Em entrevista ao CORREIO, Vitória relata os momentos de tensão e susto com o acidente. Minutos antes, os filhos dela estavam no Intoxic.

"Eu estava com o meu filho, meus dois filhos, meu irmão e minha mãe. Eles brincaram nesse brinquedo que chegou a desabar, minutos antes. Depois foram em outros brinquedos e estavam no impasse se voltaria de novo para esse brinquedo ou não. Aí optaram em ir para a roda gigante. A gente ficou aguardando, eles entraram no brinquedo. Eu estava de costas. Aí eu vi um estralo muito forte, como se estivesse quebrando alguma coisa. 

"Aí quando eu olhei para trás, eu vi que era o brinquedo. Ele estralou, como se estivesse partindo alguma coisa. E aí bateu ainda na pilastra que estava sustentando ele e aí caiu no chão. Para cair no chão ele saiu arrastando aquela chapa de ferro ainda, dá para ver ali no espaço. A chapa de ferro, a madeira. E aí aquele grito, aquele barulho, né? E todo mundo correndo, se conseguiram sair, todo mundo correndo. De repente ficou aquele silêncio."

"E a gente só conseguiu ouvir o grito do rapaz. Estava preso nas ferragens. Ele gritou de dor, ele gritou muito, gritou muito. Eu só consegui virar de costa e pedir a Deus que tivesse misericórdia e não tirasse a vida de ninguém que estava ali. E aí demoraram de vir, não veio nem polícia, nem Samu, nem nada."

"E o pessoal do parque, eles não se preocuparam em momento nenhum em dar socorro a quem estava ali prestar socorro. A gente só viu uma comunicação visual muito forte entre eles, e eles saindo dos guichês de bilheteria, recolhendo o dinheiro, um passando para o outro, aquela coisa toda, e um deles dizendo que deu ruim. Ele usava outro termo para informar que tinha dado ruim e só pediu para que fechasse a porta do portão, da quadra, para que ninguém entrasse. E em momento nenhum eles se preocuparam em prestar socorro."

"E tem um brinquedo ali, o nome do brinquedo é Samba. Alguns minutos antes também eu estava nesse brinquedo, e aí demorou um pouco de começar a funcionar. E eu perguntei ao menino, eu falei, moço, vai demorar muito para funcionar? Ele fez, 'oh tia, não me chame de moço, não, que eu só tenho 15 anos'. Foi o que ele falou. Eu falei: 'menino, você com essa idade operando brinquedo?'. E ele: 'é o que eu estou acostumado já. A gente roda isso aqui tudo, a gente roda Dias D'Ávila, Camaçari, Minas Gerais'."

"Ele falou que rodava tudo daquela forma ali, que ele já estava acostumado já. Ainda questionei para ele se já tinha tido algum episódio de quebrar um brinquedo, alguma coisa. Ele falou que não, porque a única coisa que tinha acontecido era só soltar a escada, mas não tinha ninguém dentro, né? E foi terrível."

"Hoje eu consigo falar um pouco mais tranquilo, eu não consegui dormir essa noite. Agora eu consigo falar um pouco mais tranquilo, mas foi horrível, foi muito sangue. Eu cheguei depois a chegar perto do rapaz e a situação em que o braço dele ficou, foi uma sensação, foi muito delicado, foi uma sensação horrível, né? De impotência também, se não conseguir fazer nada."

"E aí depois de um tempo chegou a polícia, chegou o corpo de bombeiro com algumas ferramentas para poder tirar ele das ferragens. E o que me marcou muito foi a mãe dele quando chegou, desesperada, gritando por que o filho dela, e ele dizendo, mãe, eu sou forte, eu vou conseguir, eu sou muito forte, mãe, eu vou conseguir. E aquilo ali vai me marcar para o resto da vida, para o resto da vida."