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Bruno Wendel
Publicado em 2 de fevereiro de 2025 às 09:03
Entre diversos perfumes e flores, é a gratidão para Iemanjá o presente que mais se destaca. Centenas de fiéis se reúnem no Rio Vermelho neste 2 de fevereiro para cultuar a orixá, dentre eles, a doméstica Gilcicleide Maria dos Santos, 50 anos, que segura consigo um arranjo colorido e agradece: "Ela me salvou de dois afogamentos. Um, aqui em Salvador, e outro, em Aracaju. Nas duas situações, pedi por ela, que não me deixasse morrer e hoje estou aqui", conta a devota.>
O juazeirense Marco Aurélio, 55 anos, veio a Salvador pela quinta vez. E o motivo não poderia ser outro. "Ela me curou de um câncer no rim. Por isso sou muito grato ela, diz ele, que fez um barco com todos os adereços que a Rainha do Mar gosta: alfazema, flores, brincos e fitas. "Às 10h, vou para uma embarcação para entregar a ela. Sempre fui devoto dela. Mesmo antes da doença, fazia as minhas obrigações no Rio São Francisco", emenda.>
Além de rosas, alfazemas, brincos e outros adereços, no presente para a Rainha do Mar vai muito axé. "Tem ebô (milho branco cozido), acaçá (mingau de milho branco) ", diz Iya Elenice Oliveira da Conceição, a Mãe Nicinha de Nanã. Os elementos são a comida de Oxalá para trazer paz. >
Mãe Nicinha é a ialorixá do terreiro Olufanja, do bairro de Tancredo Neves, casa escolhida para organizar o presente para a anfitriã da festa. "Uma missão muito importante, tocante para todos nós. Eu digo que foi o presente que Iemanjá me deu", declara.>
A programação da Festa de Iemanjá começou no sábado (1º), à meia-noite, com a entrega do presente de Oxum no Dique do Tororó. O presente saiu do Terreiro Olufanjá – Ilê Axé Iyá Olufandê, no bairro do Beiru, às 23h20. Já neste domingo, o presente principal de Iemanjá saiu às 4h30 também do Terreiro Olufanjá – Ilê Axê Iyà Olufandê para a Colônia de Pesca Z1. O presente principal permanecerá no caramanchão até as 16h, local onde as pessoas também entregam oferendas para a organização em grandes balaios. >
“É muito importante para nós, pescadores. Uma festa muito bonita, lindíssima e que preserva uma singularidade, pois ela é incomparável a qualquer outra festa baiana. Antes de ser pescador, eu já participava, desde os 12 anos de idade. Como pescador, eu já participo há 37 anos”, conta Nilo Garrido, 59, presidente da Colônia de Pesca Z1.>
Após as 16h, o presente principal será conduzido pelos pescadores para a embarcação e seguirá por mar até o Buraco de Iaiá, buraco em formato de concha situado a 3 milhas náuticas da terra. Das 6h do dia 1º até as 16h do dia 2 de fevereiro, pescadores e colaboradores irão organizar as filas de adeptos e frequentadores para entrada na Casa de Iemanjá e passagem pelo Barracão.>