'É festa para alguns e devoção para outros', diz religiosa sobre Lavagem de Itapuã

As primeiras horas da manhã dessa quinta-feira, 01 de fevereiro sinalizavam que havia algo especial no ar, principalmente nos arredores de Itapuã. O trânsito frenético das avenidas do bairro foi substituído pelo desfile de pessoas vestidas de branco, carregando nas mãos um terço, uma rosa, recipientes de água de cheiro ou uma lata de cerveja. A tradição da Lavagem de Itapuã surgiu no século XIX e segue até hoje.

A dona de casa Isabel Ferreira, 55 anos, contou que a festa é um momento de celebração para católicos e candomblecistas, além de uma oportunidade de celebração (e diversão) para locais e turistas. Ela assegura que o convívio e o respeito entre os diferentes grupos é a principal característica da festa.

"Esse é um momento muito especial para todos nós. É um momento de festa para alguns e de devoção para outros, que procuram demonstrar a sua fé. Tem os trabalhadores que aproveitam para fazer uma renda e os turistas que, depois de conhecer a festa, voltam e recomendam para mais pessoas", afirmou.

Mães e pais levaram crianças e disseram que o objetivo é introduzir as novas gerações na tradição, mas frisaram a importância do combate aos preconceitos. O evento teve trios elétricos com samba, músicas religiosas e marchinhas de carnaval.

Campanha

A delegada geral da Polícia Civil Heloísa Brito contou que, durante a festa popular, foram distribuídas fitas do Senhor do Bonfim com o lema da campanha 'Não se cale, denuncie'. A iniciativa incentiva as vítimas de intolerância ou de importunação sexual a fazerem a denúncia através do número 181. Nos dias de Carnaval. Ainda haverá dois totens para registro de ocorrências: um na Estação da Lapa e outro no Shopping da Bahia.

"Racismo e importunação sexual são crimes, inclusive com penalidades altas e é preciso que as pessoas tragam para a consciência que não se cabe mais nenhum tipo de abordagem ou de comentário. É preciso mudar a forma de ver, combater o racismo, falar sobre isso e entender que a pessoa que cometer esse ato está sujeita à prisão, autuação em flagrante, além de responder por um crime que tem pena de cinco anos de detenção”, completa.

Haverá postos específicos para atendimento a mulher vitima de violência no circuito da Barra e mais dois no Centro. Já as fitas serão distribuídas a partir deste fim de semana com o Fuzuê (sábado) e o Furdunço (domingo).