Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Wendel de Novais
Publicado em 8 de novembro de 2024 às 10:09
Acusado por familiares de Paulo Daniel Pereira, 24 anos, e Matuzalém Silva, 25, funcionários desaparecidos de um ferro-velho em Pirajá, Marcelo Batista Silva, dono do local, já foi processado pelo crime de tortura contra pessoas que empregou. Em 2018, o Ministério Público Estadual (MPE), denunciou o empresário após um inquérito policial apontar a prática criminosa por ele cometida no ano de 2017.>
"No dia 25 de setembro de 2017, por volta das 13h30min, no interior da empresa de reciclagens Pró Metais, no Km 9, bairro Pirajá, nesta capital, o denunciado constrangeu as duas vítimas mediante emprego de violência e grave ameça, com a finalidade de obter informações acerca da autoria da prática de suposto crime de furto na sua empresa", descreveu o MPE na denúncia submetida contra ele.>
No documento, foram apresentados os laudos médicos que comprovaram as lesões dos funcionários que prestaram queixa contra Marcelo. No dia do crime, de acordo com o inquérito, o empresário teria prendido as duas vítimas no ferro-velho, acusando de pegar materias do local. Com os dois rendidos, as agressões e a tortura foram iniciadas.>
"Marcelo trancou um dos funcionários nos galpões da empresa, algemando-o. Após confinar a vítima, o denunciado começou a agredi-la proferindo ameaças e retendo seus documentos pessoais. Registra-se que, durante a ação, o autor empreendeu violência física e psicológica, torturando-a para obter informações acerca do sumiço de barras de cobre de propriedade da empresa", diz a promotoria do MPE em denúncia.>
Ainda no documento, a acusação descreveu as violências praticadas contra a segunda vítima do caso. "O outro funcionário da referida empresa foi igualmente algemado, agredido e torturado por não ter avisado ao acusado que a primeira vitima, supostamente cometera os furtos das barras de cobre", completa a acusação.>
O processo corrobora com a acusação feita pela mãe de Paulo Daniel, que prefere se identificar apenas como Mari em entrevista ao CORREIO. "*Segundo os depoimentos que foram prestados em rede nacional e que a gente recebeu, os funcionários disseram que ele botava a mão dos funcionários na prensa, que ele batia de pau. Foram informações que ex-funcionários passaram", conta ela.>
Em meio às buscas por Paulo Daniel e Matuzalém, a defesa de Marcelo entrou com um pedido de habeas-corpus preventivo para o empresário. A ação, acessada pela reportagem no sistema do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) foi protocolada na noite de quinta-feira (7). No texto, a solicitação da defesa era de um salvo conduto 'por figurar o paciente como suposto autor de crime de homicídio'.>
Ciente do pedido, a mãe de Paulo Daniel fez apelo para que o habeas-corpus não seja concedido. "Eu pergunto à justiça, vocês vão liberar o habeas-corpus para se assassino diante de tantas provas que vocês estão tendo aí? A justiça vai liberar? Porque, se a Justiça liberar, vai mostrar que não está do meu lado, não está do lado dos pobres, não está do lado das duas famílias que estão sofrendo", falou Mari.>
Na quinta-feira (7), buscas foram realizadas nas imediações do ferro-velho, mas nada foi encontrado. Não há ainda liberação para buscas da polícia no interior da empresa.>
Apesar das acusações dos familiares, a Polícia Civil não trata oficialmente o empresário como suspeito pelo desaparecimento dos dois trabalhadores até o momento.>