Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Da Redação
Wendel de Novais
Publicado em 14 de junho de 2024 às 12:41
Um amigo do motorista de aplicativo Elionaldo Cardoso da Silva, de 34 anos, que desapareceu no último domingo (9), confessou a morte dele ao se apresentar a polícia, mas saiu em liberdade. O corpo ainda não foi encontrado. Elionaldo foi visto pela última vez em uma chácara que pertencia ao amigo no bairro de Cassange, em Salvador.
O suspeito se chama José Carneiro, segundo a família. Ele e Elionaldo se conheciam havia três anos. Ele chegou a ajudar o amigo em uma reforma da chácara.
Maiara Brito Oliveira, 28 anos, esposa de Elionaldo, criticou o fato da família saber do desenvolvimento da investigação pela imprensa. "A gente estava na esperança de achar ele com vida. Quando chegou 7h e pouca da manhã, quando a gente liga a televisão, o baque. 'O caso de Elionaldo, suspeito confessou e diz que assassinou ele'. Ainda está solto, a juíza negou a preventiva dele. Achou que não era grave. Que é isso, meu Deus do céu. Primeiro a imprensa que tem que saber para depois a família? A família tem que assistir a dor pela televisão, na frente de todo mundo? A gente não tem direito de saber primeiro que todo mundo, gente? Eu achei um absurdo, mas a gente vai ter justiça", disse ela na manhã desta sexta-feira (14).
A esposa disse que a família quer saber onde está o corpo de Elionaldo. "Eu quero achar o corpo do meu esposo, eu quero que ele fale onde está meu esposo, a gente quer dar um enterro digno, que ele não era uma pessoa ruim, não, gente. Todo mundo gostava dele, gente, por favor. Eu não aguento mais falar, não aguento mais. Eu estou aqui pela misericórdia de Deus, eu estou tentando ser forte mesmo pela minha filha", disse ela, em meio a lágrimas, citando a filha do casal.
A mulher diz Elionaldo e o suspeito conviviam frequentemente, inclusive indo para comemorações na chácara do suspeito. "Ele se dizia ser da família. Meu esposo nunca teve briga nenhum com ele, meu esposo não é nem de briga, é amigo de todo mundo. O mau dele era esse, coração muito bom", diz.
Elionaldo tinha desistindo do sonho de ser policial por conta da idade, mas tinha muitos planos. "Não tenho o que falar dele não, que ele nunca fez nada de errado, nunca, nunca na vida dele, o sonho dele ele falava, não posso mais ser polícia não, porque eu tenho 34 anos já, mas eu vou estudar para alguma coisa'. Ele já foi segurança, já fez tanta coisa na vida dele, a gente já trabalhou tanto, a gente tinha sonhos na nossa vida", explica.
Depois do sumiço de Elionaldo, o suspeito chegou a conversar com os familiares. "Ele veio ontem aqui e encarou a família dizendo que não fez nada. Disse que o meu marido estava lá na chácara e foi lá, mas saiu. Segundo ele, a gente podia ver nas câmeras que veríamos o carro dele saindo de lá, mas a gente sabe que meu marido não saiu", afirma Maiara.
Agora, ela relata indignação com os rumos do caso. "Sensação de... É revoltante, muito revoltante. Sensação de impunidade... Como é que a pessoa confessa que matou outra pessoa e sai pela porta da frente?", questiona. "Eu estou indignada".
A delegada Zaira Pimentel, da 1ª Delegacia de Homicídios (DH/Atlântico), diz que o caso era investigado pelas equipes da Delegacia de Desaparecidos. "Foi localizado, sim, esse autor, ele foi ouvido aqui na noite de ontem. A Primeira D.H. solicitou ao plantão judiciário a prisão preventiva desse indivíduo, porém essa prisão não foi apreciada pelo Poder Judiciário. O argumento da autoridade judiciária foi que aquele tipo de prisão não atendia os requisitos do plantão judiciário e, portanto, ela declinou da atribuição", diz.
A Polícia Civil confirmou em nota que o corpo ainda não foi localizado. "A 1ª DH/Atlântico solicitou uma prisão preventiva ao Poder Judiciário, que foi indeferida, na madrugada desta sexta-feira (14). O suspeito segue investigado em liberdade".
Relembre
O motorista de aplicativo Elionaldo Cardoso da Silva, de 34 anos, está desaparecido desde o último domingo (9), quando saiu de casa para trabalhar. Segundo a Polícia Civil, ele foi visto pela última vez em uma chácara, no bairro de Cassange, em Salvador.
O veículo do desaparecido, no entanto, foi encontrado na segunda-feira (10), na localidade da Pedra de Xangô, no bairro de Cajazeiras.
A Delegacia de Proteção à Pessoa (DPP) investiga o caso e já colheu depoimento de familiares e outras pessoas para esclarecer o desaparecimento. Perícias também foram realizadas no veículo do desaparecido.