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Millena Marques
Publicado em 25 de outubro de 2024 às 20:02
Entre 2010 e 2022, domicílios sem a presença de filhos foram os que mais cresceram na Bahia. Esse perfil familiar saiu de 33% para 44,5% em doze anos, ou seja 4 a cada dez unidades domésticas não apresentam filhos. Os dados são do Censo 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (25).
A queda da natalidade é um dos fatores que explicam esse crescimento, explica a supervisora de disseminação de informação do IBGE na Bahia, Mariana Viveiros. “Quando a gente vê um crescimento muito pequeno da população do estado, quando a gente vê a diminuição da média de pessoas morando por domicílio, quando a gente vê uma projeção de população que vai cair a partir de 2035, tudo isso tem a ver com queda de natalidade”, disse.
Segundo os dados do IBGE, houve uma diferença de 33,98 mil nascimentos em doze anos. Em 2010, foram contabilizados 207,66 mil bebês baianos. Enquanto em 2022, o número era de 173,68 mil. “(Esses novos perfis) mostram essa nova configuração familiar aqui no estado, se impondo, crescendo em importância, por contraposição àquela mais tradicional, mais convencional, que é do casal com filhos, normalmente”, afirmou Mariana.
As formações familiares em que havia ao menos um filho ainda são majoritárias, com 55,5% do total. No entanto, perderam participação em comparação aos números de 2010, quando representavam 67% de todas as formações do estado. No recorte de casais com filhos, o que mais perdeu participação foi o ‘convencional’ casal com filho de ambos: saiu de 39,8% para 29,6%.
Os arranjos formados por um casal e ao menos um filho de somente da pessoa responsável ou do cônjuge (que indicam famílias reconstituídas) passaram de 8,8% do total para 7%. Apenas os arranjos formados pela pessoa responsável sem cônjuge e com filho(s), que incluem as mães solo, tiveram um ganho de participação muito discreto, de 18,4% para 18,8% do total em 2022.
Já os casais sem filho passaram de 14,1% para 18,2% do total de composições domiciliares. Numericamente, esse grupo cresceu 59,8% nesse período, de 579,44 mil em 2010 para 926 mil em 2022.
É o caso do casal soteropolitano Manoel Roque Pereira, de 56 anos, e Rita Pereira, de 54. Casados há 14 anos, os dois optaram por não ter filhos porque Rita tinha altos índices de apresentar uma gravidez de risco. “Na realidade, temos dois sobrinhos, que temos como filhos. A gente cuida, está aqui no nosso convívio, mas não moram com a gente”, disse.
Os demais arranjos, que podem ser pessoas sozinhas, com outro tipo de relação de parentesco ou que não sejam parentes, ampliaram sua participação de 18,9% em 2010 para 26,3% em 2022. No Brasil, as composições domiciliares com presença de filhos representavam 54,3% do total, frente a 65,6% em 2010.
Em Salvador, as demais composições familiares, que não envolviam cônjuges nem filho, foram predominantes em 2022, representando 32,5% do total de unidades domésticas na capital. Os casais com filho de ambos vinham em seguida (23,4% do total); a formação de responsável sem cônjuge e com filho ficava em terceiro lugar (20,6%); os casais sem filhos vinham em seguida (17,4%), e os arranjos de casal com pelo menos um filho de apenas uma das pessoas representavam 6,2% do total.
A capital baiana totalizava, portanto, 50,2% das unidades domésticas em composições familiares com presença de filhos e 49,8% sem filhos.
*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro