Disfunção e morte em uma hora: o que acontece com organismo de alguém preso em um carro trancado

Menina de 4 anos morreu após ser esquecida pelo pai em veículo em Alagoinhas

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  • Wendel de Novais

Publicado em 7 de março de 2024 às 16:00

Izzi morreu dentro de um carro em Alagoinhas Crédito: Reprodução

A morte da pequena Izzi Gil de Oliveira, 4 anos, esquecida pelo pai dentro de um carro em Alagoinhas, acendeu um alerta para o risco que ficar preso em um veículo representa. A vítima permaneceu cerca de três horas trancada e, quando foi encontrada, já estava sem sinais vitais. Ludmila Carneiro, médica pediatra da clínica CSI, explica que a morte nestas circunstâncias sai da exaustão a morte no período de uma hora.

“A medida que ficamos expostos ao calor, inicialmente, começa um desconforto. Depois, isso evolui para exaustão, desidratação e chega a disfunção do sistema nervoso causada pela falta de oxigênio e desidratação. Por fim, esse quadro pode ocasionar convulsões, coma, parada cardíaca e morte. Depende muito do organismo de cada um, mas o processo leva, geralmente, entre 40 minutos e uma hora”, detalha a pediatra.

A polícia informou que aguarda o resultado de exames de necropsia para determinar qual foi a causa da morte. Não há uma data definida, mas uma fonte que acompanha as investigações afirma que a confirmação sai nos próximos dias. No entanto, em casos assim, de acordo com Ludmila, a desidratação e a asfixia são as causas mais prováveis do óbito. A médica explica também que a temperatura fora do carro não influencia no processo.

“Quando o carro está trancado, a temperatura dentro do veículo vai aumentando paulatinamente. [...] Além da impossibilidade de troca efetiva de oxigênio, as altas temperaturas são capazes de causar disfunção rapidamente no organismo. E a temperatura externa do carro tem pouca relação com a interna. Em um local a fresco, ainda assim, a temperatura dentro do veículo aumenta rapidamente e esse principal aumento ocorre nos primeiros 30 minutos após o carro ser fechado”, acrescenta a médica.

Ludmila pontua ainda que as crianças são mais suscetíveis porque, de forma natural, o metabolismo da criança é mais rápido e demanda uma troca de oxigênio mais frequente até porque os pequenos têm menores reservas metabólicas.