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Dia Nacional de Combate à Hipertensão: veja tudo para manter a pressão sob controle

Doença foi causa de morte de 1.106 pessoas só neste ano, na Bahia

  • Foto do(a) author(a) Larissa Almeida
  • Larissa Almeida

Publicado em 26 de abril de 2024 às 05:00

Doença silenciosa
A doença é silenciosa Crédito: Shutterstock

Doença que passa despercebida pela maioria das pessoas, a hipertensão teve um aumento de 3,7% entre os adultos nos últimos 15 anos no Brasil. Segundo o Ministério da Saúde, os índices saíram de 22,6% em 2006 para 26,3% em 2021, ano em que 39.964 pessoas morreram em decorrência de pressão alta no Brasil. Na Bahia, 6.126 mortes do tipo foram registradas em 2022, 5.280 em 2023 e, até 17 de abril deste ano, 1.106 óbitos, de acordo com a Secretaria de Saúde do Estado (Sesab).

Para prevenir novos casos, nesta sexta-feira (26) será comemorado o Dia Nacional de Combate à Hipertensão, data criada para alertar as pessoas sobre a importância dos cuidados para manter a pressão sob controle e os perigos da enfermidade.

Caracterizada pela pressão arterial que apresenta valores iguais ou acima de 14 por 9, a hipertensão ocorre ao longo dos anos e acomete, sobretudo, pessoas idosas. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), a doença é mais recorrente entre pessoas maiores de 65 anos, com prevalência da pressão alta em 61% desse público. Suas causas são multifatoriais, podendo estar ligadas à genética ou a estilos de vida.

“Pessoas que têm pais e avós hipertensos têm uma chance maior de se tornarem hipertensas. A pessoa que ingere uma quantidade muito grande de sódio também acaba tendo uma maior chance de se tornar hipertensa. Existe uma consideração, do ponto de vista de estudos científicos, de que as pessoas devem ingerir uma quantidade menor do que 5g por dia de sal, o equivalente a uma colher de chá. No Brasil, as pessoas consomem entre 9g e 10g por dia”, indica o cardiologista Nivaldo Filgueiras, que é vice-presidente da Associação Bahiana de Medicina (ABM) e conselheiro do Conselho Administrativo da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).

Além da genética e do consumo excessivo de sódio, outros fatores como a obesidade, o sedentarismo e o estresse estão entre aqueles que contribuem para um quadro hipertensivo. O especialista explica que, à medida que a idade avança, há o enrijecimento das artérias e dos vasos sanguíneos, o que também pode provocar o surgimento da doença.

No caso de pessoas já diagnosticadas com hipertensão, o primeiro passo para manter a pressão sob controle é ir ao médico e receber o tratamento adequado, que vai desde medidas não-farmacológicas a medicações. A primeira opção consiste, principalmente, em evitar o consumo de sódio – algo que também é recomendado para quem tem predisposição a desenvolver a enfermidade.

“Também é preciso perder peso em caso de obesidade, porque a perda de peso favorece a redução dos níveis de pressão arterial. Além disso, a pessoa deve fazer atividade física, tanto a aeróbica, que a Sociedade Brasileira de Cardiologia recomenda 150 minutos de exercício por semana, quanto os exercícios de resistência, como musculação e pilates. E é preciso tomar cuidado em relação à dieta”, alerta o cardiologista Nivaldo Filgueiras.

Segundo o vice-presidente da Associação Bahiana de Medicina (ABM), a dieta Dash é a mais indicada para os hipertensos. Ela é à base proteína magra, seja peixe, frango sem a pele ou carne sem gordura, que promove uma ingestão menor de carboidratos e usa gordura de qualidade. “Pode-se utilizar castanhas, nozes e azeite de oliva, que são gorduras de boa qualidade. Nessa dieta, também são consumidas muitas frutas, verduras e legumes. Quanto mais verde, melhor”, diz.

No que tange à alimentação, outra recomendação é priorizar alimentos que tenham potássio, como feijão, beterraba e ervilha, que também podem reduzir a pressão arterial. Foi mudando os hábitos alimentares que a dona de casa Orivanda Pereira, de 55 anos, parou de usar três medicamentos para controlar a pressão e atualmente só usa um. Diagnosticada aos 38 anos, ela conta que foi resistente à mudança de vida imposta pela doença, mas obteve melhores resultados quando cedeu.

“O médico diagnosticou que eu tinha hipertensão e eu não aceitava, porque limitou minha alimentação. Passei a ter que fazer atividade física, tirar o açúcar da alimentação, o sal e a gordura. Mas antes, tomava três comprimidos e a pressão não se normalizava, até que um dia tomei consciência e comecei a caminhada. Então o médico diminuiu a dose, passei a tomar dois e hoje só tomo um”, conta.

Já no lado emocional, o especialista destaca a importância da redução do estresse. “Existe uma pesquisa muito interessante também para a redução do estresse recentemente publicada, que é uma tese de doutoramento de Dra. Maria Emília da Universidade Federal de Goiás. Ela pesquisou como os bons sentimentos e o sentido de gratidão e do perdão poderia favorecer no controle da pressão arterial”, conta.

O estudo foi feito a partir da separação de dois grupos. No primeiro, foi feito o tratamento medicamentoso habitual com a dieta. No outro, além do tratamento habitual e os remédios, foram feitas intervenções através do WhatsApp, com mensagens positivas e tarefas para as pessoas falarem sobre o perdão e o que seria receber uma mensagem positiva no sentido de gratidão.

“A pressão arterial no grupo que recebeu essa intervenção em casa, que estava em torno de 13 por 8 antes da iniciativa, caiu para 12 por 8. No outro grupo, a pressão se manteve no mesmo patamar, mostrando que reduzir o estresse e procurar ter bons pensamentos pode também ter uma interferência no controle da pressão arterial”, conclui.

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro