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Da Redação
Publicado em 4 de setembro de 2023 às 22:13
Na tarde desta segunda-feira (4), mais duas famílias foram feitas reféns em Salvador. Os sequestros simultâneos aconteceram na Rua Alaíde Ribeiro, no Calabar, em casas vizinhas. Com essa, são quatro ações com reféns na região no mesmo dia. As primeiras foram no Alto da Pombas.
No total, foram dez reféns: três mulheres, três adolescentes, dois homens, uma criança e uma idosa. O crime teve início por volta de 16h, e grande parte foi transmitida ao vivo pelos sequestradores via Instagram. Na transmissão, eles exigiam a presença da imprensa, de suas famílias e de advogados para que os reféns fossem liberados.
“[A gente] só vai sair daqui com o advogado e nossa família. Não estamos aqui pra fazer mal a ninguém, mas se [a polícia] tentar entrar… a gente tem filho, tem criança para cuidar. Quem tem avó, filho, família, sabe do que eu estou falando”, disse um dos sequestradores.
Durante o cárcere, um dos reféns deu um crucifixo a um dos criminosos. “Essa vida não é sua, irmão. [Tenho] 40 anos, nunca tomei uma cadeia. Trabalho desde os cinco anos de idade. Isso aqui, quando você chegar até sua mãe, entregue logo a ela", disse.
“O cara está calmo, quer sair vivo”, disse o mesmo homem, em ligação com a polícia, durante a transmissão.
Enquanto os reféns não eram liberados, membros das famílias das vítimas e dos sequestradores esperavam em frente às casas, assim como o advogado solicitado pelos criminosos. Segundo um familiar de três dos reféns, que preferiu não se identificar, seu único desejo era que seus parentes estivessem bem. “Eu só quero que eles sejam liberados logo, porque eles não têm nenhuma relação com nada disso. Não têm nada a ver com a situação”, disse.
A transmissão do Instagram foi encerrada às 18h20, e a negociação começou em seguida. Os primeiros reféns a serem liberados foram a idosa, que saiu por volta de 18h30, enquanto passava mal, uma adolescente e uma criança, que foram retiradas logo depois. O último refém foi liberado às 19h33. Cinco suspeitos foram presos.
De acordo com uma moradora, quem mora no bairro convive com a tensão desde a última quinta-feira (31). “Eu quase não fui trabalhar. Agora, quando volto, a situação está se repetindo. Quando eu desci do ônibus e vi os carros da polícia, pensei: ‘meu Deus, de novo?’”, contou.
Outro morador disse que só saiu de casa porque precisava buscar a filha, que voltava do trabalho, no ponto de ônibus. Ele chegou a pedir para a filha não ir trabalhar, mas ela foi mesmo assim. Preocupado, foi buscá-la e deixá-la em sua casa. Ele afirma ainda que, depois disso, sairá de casa apenas se a situação melhorar nos próximos dias.
Na manhã desta segunda-feira, um trio foi preso após moradores serem feitos reféns em dois imóveis na rua Teixeira Mendes, no Alto das Pombas. A primeira residência tinha cinco reféns e um suposto sequestrador - que também transmitia boa parte da situação ao vivo pela internet. Na segunda, estavam duas vítimas e dois homens. Os três se entregaram e foram presos após horas de negociação.
O balanço do dia se completa com cinco mortes. Além disso, até o fim da tarde, foram apreendidas 12 armas, sendo cinco pistolas, quatro fuzis e três granadas. Também foram confiscadas munições e drogas. Todos os mortos, segundo a PM, são traficantes que reagiram e abriram fogo contra os policiais que monitoravam as ruas dos dois bairros.
A Polícia Militar, a Polícia Civil, a Secretaria de Segurança Pública foram procurados para responder sobre possíveis estratégias para melhorar a segurança na região, mas não houve retorno até o fechamento desta matéria. O Instagram também foi contatado pelo CORREIO sobre medidas relativas às transmissões ao vivo de crimes, mas também não houve resposta.