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Wendel de Novais
Publicado em 7 de dezembro de 2023 às 09:33
O principal alvo da operação 'El Patron', deflagrada nesta quinta-feira (7) pela Polícia Federal (PF) contra um grupo miliciano com atuação em Feira de Santana, é o deputado estadual Kleber Cristian Escolano de Almeida, conhecido como Binho Galinha (Patriota). O parlamentar, que também é empresário, é suspeito de integrar um grupo criminoso que virou alvo de mandados de prisão preventiva e de mandados de busca e apreensão.
Seis pessoas foram presas preventivamente e foram cumpridos 33 mandados de busca e apreensão, incluindo a casa e fazendas do deputado. Ele e mais 14 pessoas foram denunciadas pelo MP, entre elas, policiais militares. Foram apreendidos documentos, pasta de cocaína, armas e munições.
Foram denunciados Kléber Cristian Escolano de Almeida, Thierre Figueiredo Silva, Nilma Carvalho Pereira, Ruan Pablo Pereira Carvalho, Alexandre Pereira dos Santos, Washington Martins Silva, Mayana Cerqueira da Silva, João Guilherme Cerqueira da Silva Escolano, Jorge Vinícius de Souza Santana Piano, Jackson Macedo Araújo Júnior, Vagney dos Santos Aquino, Josenilson Souza da Conceição, Roque de Jesus Carvalho, Bruno Borges França e Kleber Herculano de Jesus. Os seis últimos foram presos nesta manhã.
O Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) detalhou a função do deputado no grupo que virou alvo de investigação da PF. "O parlamentar é apontado como líder de grupo miliciano que atua na região de Feira de Santana, acusado por crimes de lavagem de dinheiro do jogo do bicho, agiotagem e receptação qualificada", escreve o órgão, que ainda informou que a casa e as fazendas do deputado estão entre os alvos dos mandados cumpridos na operação.
Binho recebeu 49.834 votos nas Eleições de 2022 para ocupar uma das cadeiras na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), sendo que só em Feira de Santana, seu principal reduto eleitoral, o deputado contabilizou 32.980 votantes a seu favor. O número representa 10,40% dos votos da cidade. O deputado foi procurado para responder sobre a operação e a reportagem aguarda retorno.
Segundo a PF, além dos mandados cumpridos contra o grupo, houve também o bloqueio de mais de R$ 200 milhões das contas bancárias dos investigados e o sequestro de 40 propriedades urbanas e rurais, além da suspensão de atividades econômicas de seis empresas. A Receita Federal também participa da investigação e informou em nota como o grupo virou alvo da operação.
"A investigação teve início após recebimento de ofício encaminhado pelo Ministério Público do Estado da Bahia, relatando graves ilícitos penais que estariam sendo perpetrados na Princesinha do Sertão. Com o aprofundamento das diligências, colheu-se elementos probatórios que revelaram a participação dos indiciados num grupo miliciano e evidenciaram parte de sua estrutura, inclusive o seu poderio econômico", escreve a Receita.
Ao todo, 15 auditores fiscais e seis analistas tributários estão envolvidos nas investigações. Relatórios produzidos pela Receita apontam inconsistências fiscais dos investigados, movimentação financeira incompatível, além de propriedade de bens móveis e imóveis não declarados e indícios de lavagem de dinheiro.
Denúncia
A denúncia foi recebida pela Justiça, que determinou, a pedido do MP, o bloqueio de R$ 200 milhões das contas bancárias dos investigados e o sequestro de 26 imóveis urbanos e rurais, sendo dez fazendas, nove casas, quatro terrenos, dois apartamentos e uma sala comercial, quatorze veículos, além da suspensão de atividades econômicas de seis empresas. O MP solicitou à Justiça que determine o pagamento de multa superior a R$ 30 milhões por danos morais coletivos.
Segundo as investigações, a organização criminosa realizou, em uma década, movimentações bancárias superiores a R$ 100 milhões, total transferido diretamente ao logo do tempo pelos investigados e por empresas constituídas com o intuito de garantir aparência de licitude aos recursos movimentados.
Segundo a denúncia, o grupo contaria, ainda, com a participação de policiais militares do estado da Bahia, os quais integrariam o braço armado da organização criminosa, com atribuições de efetuar cobranças, mediante violência e grave ameaça, de valores indevidos oriundos de jogatinas e empréstimos a juros excessivos.