Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Maysa Polcri
Publicado em 15 de julho de 2024 às 05:00
Entre o primeiro semestre de 2022 e o mesmo período deste ano, o número de denúncias de intolerância religiosa cresceu 309% na Bahia. É o que indicam informações do Painel de Dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, que reúne relatos feitos ao Disque 100. Foram 90 denúncias registradas neste ano no estado, contra 22 feitas dois anos antes.
Leonel Monteiro, presidente da Associação Brasileira de Preservação da Cultura Afro Ameríndia (AFA), acredita que o aumento está relacionado ao maior esclarecimento das pessoas sobre o crime. Praticar violência contra qualquer tipo de manifestação religiosa é crime, e a pena é de um até três anos de prisão, além de multa.
“O avanço de políticas públicas e mecanismos de registros desse tipo de crime, além de órgão específicos, favorecem o aumento das denúncias”, diz. O Código Penal prevê que a pena aumente para dois a cinco anos se a injúria for relacionada à raça, cor, etnia ou procedência nacional da vítima.
Na Bahia, 71% das vítimas de intolerância religiosa são pretas ou pardas. O crime, no entanto, pode ter como vítimas pessoas de qualquer religião. Apesar de reconhecer os avanços, Leonel Monteiro cobra a existência de uma delegacia especializada no combate a crimes religiosos, promessa do Governo do Estado que ainda não foi cumprida.
“Hoje, não há um atendimento adequado e nem pessoas preparadas para atender vítimas de intolerância religiosa. Muitas vezes, a prática acaba sendo registrada como um crime de menor potencial ofensivo, o que mantém a impunidade”, afirma. A Bahia registrou uma denúncia de intolerância religiosa a cada dois dias neste ano.
Como denunciar
Canais do Disque 100
Defensoria Pública da Bahia (DPE/BA)
Ministério Público da Bahia (MP-BA)
Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi)