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Maysa Polcri
Publicado em 2 de outubro de 2024 às 10:35
O delegado Antônio Carlos Magalhães Santos, denunciado por assédio sexual contra quatro policiais civis, também teria feito vítimas da sociedade civil. O Sindicato dos Policiais Civis do Estado da Bahia (Sindpoc) recebeu ao menos uma denúncia de uma mulher que buscou uma delegacia, durante a pandemia, e revelou que foi assediada sexualmente pelo delegado. Após a notícia do CORREIO de que quatro policiais o denunciaram o delegado ao sindicato, a vítima se sentiu segura para prestar um boletim de ocorrência contra Antônio Carlos. >
A informação foi confirmada por Ana Carla Souza Conceição, vice-presidente do sindicato. "A vítima disse que quando viu a reportagem, se sentiu segura para falar da situação e de toda humilhação que viveu em uma unidade policial com esse delegado. Foi um caso de assédio sexual, ainda na época da pandemia. Ela contou que o delegado disse que ela era muito bonita e que era rico", contou. A suposta vítima ainda não prestou boletim de ocorrência, mas tem sido orientada pelo sindicato.>
Quando as investidas do delegado Antônio Carlos não foram bem recebidas pela vítima, ele teria sido grosseiro. "Na segunda vez que ela voltou à delegacia, foi acompanhada por uma advogada, e ouviu gritos do delegado", completou Ana Carla Souza. A mulher se mostrou muito abalada com as notícias de outros casos de assédio supostamente cometidos pelo delegado. O nome da vítima, sua idade e onde o episódio teria ocorrido não foram divulgados para preservá-la.>
Questionado sobre a nova denúncia, o delegado Antônio Carlos Magalhães Santos negou as acusações. “Quando acontece isso, sempre vai aparecer alguém, é normal. Se isso acontecer, eu vou contraditar e ela vai ter que provar”, diz. A polícia confirmou que delegado foi exonerado por conta de denúncias de assédio sexual. Segundo ele, as denúncias das investigadoras foram "armadas".>
Na manhã desta quarta-feira (2), o Sindicato dos Policiais Civis do Estado da Bahia lança o programa Ronda Policiais Seguras: Ambiente Livre de Assédio, no auditório da Universidade Federal da Bahia (Ufba), na Praça da Piedade. >
Após o lançamento, integrantes do sindicato farão "rondas" nas delegacias de Salvador, Região Metropolitana (RMS), e do interior baiano para fiscalizar e denunciar os casos de assédio. A iniciativa surgiu após denúncias de casos de assédio moral, sexual, importunação sexual, e abuso de autoridade levantados pelo sindicato e denunciados à Corregedoria da Polícia Civil da Bahia.>
Relembre o caso>
Quatro investigadoras fizeram uma denúncia contra o delegado da 28ª Delegacia (Nordeste de Amaralina) Antônio Carlos Magalhães Santos. A denúncia ocorreu enquanto o Sindicato dos Policiais Civis da Bahia (Sindpoc) atualizava os colegas sobre o andamento da campanha salarial da categoria. De acordo com as denúncias, feitas pelas servidoras ao sindicato de classe e, posteriormente, encaminhadas à Corregedoria da Polícia Civil, o delegado fazia piadas ousadas, toques corporais e convites para passeios de lancha.>
O delegado foi exonerado do cargo de titular da 28° DT, de acordo com a publicação no Diário Oficial de sábado (28). Esta é a segunda vez que ele é acusado do mesmo crime.>
"Estou tomando par das coisas agora. Vou à Correpol (Corregedoria da Polícia Civil)", disse o delegado Antônio Carlos Magalhães Santos sobre sua defesa, por telefone, após ser indagado sobre os casos de assédio sexual. Perguntado se a exoneração tem a ver com as denúncias de suas colegas de trabalho, ele respondeu: "Meu afastamento é para a investigação. Estão tentando me prejudicar pegando uma coisa e fazendo a ligação com o passado", acrescentou.>
Há 17 anos, o delegado foi réu em um processo de estupro contra a uma adolescente. Na ocasião, o Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) apurou que a autoridade, quando era titular da 5ª DT Periperi, violentou e manteve em cárcere privado, em um hotel, uma jovem de 17 anos que foi até a 5ª DT prestar queixa conta dois homens que a estupraram. Ainda de acordo com a denúncia do MP-BA da época, em vez de enviar o caso para a Delegacia de Repressão de Crimes contra a Criança e o Adolescente (Dercca), como é o procedimento de praxe nesses casos, o delegado Antônio Carlos instaurou inquérito, assumiu as investigações do caso e, após encaminhar a vítima para a realização de exames periciais, ele teria hospedado a adolescente em um hotel, ao invés de mandá-la ao Conselho Tutelar.>
A denúncia da época ainda acrescentou que o delegado e o então chefe do Serviço de Investigação da 5ª DT passaram a frequentar o hotel, onde mantinham relações sexuais frequentes com a adolescente. Em depoimento, a jovem relatou que no primeiro andar do hotel funcionava uma boate apontada como ponto de prostituição. Ainda segundo ela, depois de algum tempo sendo explorada, conseguiu telefonar para a mãe, que residia em Itabuna, e pediu ajuda. Após a denúncia do MP-BA ter sido acatada pela Justiça, o então governador do estado, Jaques Wagner, determinou, no dia 4 de maio de 2007, a exoneração do delegado, que atuava, no momento, como titular da Delegacia de Repressão a Furto e Roubo de Veículos (DRFRV).>