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Bruno Wendel
Publicado em 22 de março de 2025 às 18:41
O delegado da Polícia Civil Nilton Tormes está afastado do cargo de coordenador do Departamento de Polícia Metropolitana (Depom), após ter seu nome envolvido numa denúncia na Corregedoria da Polícia Civil, que apura o desvio de fuzis apreendidos numa operação em 2024 e as mortes de duas pessoas, que passaram a localização das armas. "Foi algo acertado com a delegada-chefe (Heloisa Brito). Só não foi oficializado, porque a exoneração ainda não saiu no Diário Oficial", diz uma fonte da Polícia Civil. Já outra fonte ligada a Tormes nega o afastamento. >
Tormes não foi trabalhar na sexta, 21. O desligamento não o impede de continuar exercendo a função. "Ele será afastado apenas do cargo de comissão e continuará exercendo a função de delegado. Só não sei para onde ele vai", conta a fonte. Ainda na sexta, foram cumpridos mandados de busca e apreensão no Depom e na casa dele, no bairro da Pituba. "Na sala dele, levaram o computador e um pen drive. Já na residência, recolheram um celular", detalha. >
Além de Tormes, um cabo da Polícia Militar lotado no Departamento Estadual de Trânsito (Detran-BA), também alvo da denúncia, teve os mandados cumpridos em sua residência. A Corregedoria da Polícia Militar também participou da ação. >
Em nota, a Polícia Civil da Bahia disse que" confirma ter realizado o cumprimento de um mandado de busca visando apurar denúncias sobre conduta irregular de policiais". "As investigações continuam em sigilo visando total esclarecimento dos fatos", diz a nota.>
A reportagem procurou o delegado Nilton Tormes, mas ele preferiu não falar sobre o assunto. >
Fuzis >
A operação investiga o desvio de parte de um arsenal de fuzis durante uma ação policial em julho de 2024, no bairro do Caji, em Lauro de Freitas. Na ocasião, foram apresentados seis ao Depom, mas, segundo uma denúncia, haveria, pelo menos, 20 fuzis - embora não conste o processo, o relato está atrelado às mortes de dois informantes cuja investigação já tinha sido iniciada pela Delegacia Especializada em Antissequestro da Polícia Civil (leia abaixo). >
Após tomar conhecimento de que ar armas estavam escondidos num matagal, uma equipe do Depom e do CORE (Coordenação e Operações e Recursos Especiais), autorizado pela delegada-chefe, foram até o local. No total, oito agentes, incluindo o delegado. Naquele momento, PMs também participaram desta ação. "Quem passou as informações para o delegado foi o cabo (do Detran). Ele conhecia Nilton e fez a 'ponte'. Ele conhece outros policiais militares, que passaram o 'informe'", conta a fonte. >
Além dos fuzis, foram apreendidos uma submetralhadora e 10 kg de pasta-base de cocaína. "O CORE afirma que o que foi recolhido é o que foi apresentado. A operação foi à noite, numa mata fechada e ninguém sabia ao certo a quantidade de fuzis", pontua a fonte. >
Mortes e extorsão >
Ainda segundo a denúncia, dois homens, que informaram à PM a localização das armas, foram sequestrados e mortos, numa "queima-de-arquivo". As vítimas são Jeferson Sacramento Santos e Josenal Santos Souza e teriam envolvimento com a criminalidade. >
Logo depois, a mulher de um deles procurou a Delegacia Especializada em Antissequestro da PC. Segundo ela, estava sendo vítima de extorsão por parte dos PMs. A partir daí, foi iniciada a investigação nas corregedorias das polícias Civil e Militar. >
No dia 29 de agosto do ano passado, um capitão do Departamento Pessoal, um soldado da 37a CIPM/Liberdade e PM da reserva, investigado pela prática de extorsão mediante sequestro, foram presos durante cumprimento de mandados de busca e apreensão e prisão nos bairros de Brotas, Nova Brasília, Itapuã, e em Caji, no município de Lauro de Freitas. >