Delegado aponta subnotificações de crimes cibernéticos na Bahia

Titular da Ciberlab, Delmar Bittencourt vê receio de impunidade como maior causador da falta de registros desse tipo de crime

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  • Larissa Almeida

Publicado em 24 de novembro de 2023 às 15:00

Com 84 mil tentativas de fraudes no comércio eletrônico registradas apenas no primeiro semestre de 2023, a Bahia tem subnotificação do número de ocorrências desse tipo nas delegacias cívicas e virtuais. É o que revela o delegado Delmar Bittencourt, titular do Laboratório de Inteligência Cibernética da Polícia Civil (Ciberlab). Segundo ele, a população tem costume de não denunciar esses casos por receio de impunidade.

Além da subnotificação, não há centralização de dados a respeito de golpes em compras online na Polícia Civil da Bahia, de modo que não foi possível obter o registro de casos ocorridos neste ano. Contudo, conforme afirma o delegado, dentre os episódios que têm acesso, os tipos mais comuns de golpe são aqueles envolvendo veículos.

“A pessoa anuncia um veículo bom com todos os dados, os fraudadores copiam as informações e no próprio site eles vendem o mesmo veículo com o preço mais em conta. Eles convencem as pessoas a adiantarem uma parte como adiantamento para garantir a compra e esse veículo nunca chega, porque não pertence a ele”, descreve.

Outro golpe é o do leilão de veículos. Nesse tipo de fraude, o consumidor é informado de um suposto leilão de veículos reformados e seminovos, e deposita uma parte do dinheiro para garantir a aquisição do automóvel, que nunca é entregue. A propagação dessas fraudes ocorre sempre através de sites. “Quando percebemos, derrubamos esses sites, mas eles criam outros com outros nomes. Por isso, estamos vendo a possibilidade de uma ação para impedir a criação desses sites sem a comprovação dos dados dos proprietários. Esse é um problema nacional”, afirma.

Para se prevenir desses golpes, o delegado Delmar Bittencourt orienta que os consumidores jamais façam depósitos antes de checar a credibilidade do vendedor da empresa e do vendedor. “É importante verificar no Reclame Aqui para ver se tem alguma reclamação, colocar o nome da empresa no Google para ver se há informações sobre a boa reputação do site e nunca transferir dinheiro se perceber que o preço está abaixo ou se o vendedor demonstrar muita pressa. Quando há situação de pressa, normalmente é um sinal de golpe”, alerta.

Em caso de golpe, o delegado recomenda que o consumidor procure a delegacia cibernética ou a delegacia civil mais próxima para prestar queixa.

*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo