Defesa tentará que menor apreendido por morte de cigana permaneça no ES: 'Risco evidente'

Será pedida a revogação da pena, e, em caso de negativa, que ela seja cumprida naquele estado, e não na Bahia

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  • Marcos Felipe

Publicado em 28 de julho de 2023 às 19:52

Apreendido na quarta (26), jovem está no Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo (Iases)
Apreendido na quarta (26), jovem está no Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo (Iases) Crédito: Reprodução/Redes sociais

A defesa do adolescente investigado por ato análogo ao feminicídio de Hyara Flor Santos Alves, de 14 anos, irá pedir a revogação da internação provisória do menor, determinada pela Justiça no último 15. A ideia é que, mesmo em caso de negativa, ele permaneça no Espírito Santo, onde foi apreendido, durante a quarta-feira (26) — em vez de ser transferido para Guaratinga, no extremo-sul da Bahia, local do crime contra sua esposa.

A defesa cita como justificativa a circulação de publicações na internet, logo após o ocorrido, que divulgavam uma recompensa de R$ 300 mil oferecida pelo pai da vítima, Hiago Silva, a quem informasse o paradeiro do jovem, que também tem 14 anos. Hiago, porém, nega que tenha feito a oferta. "Há um risco evidente de que essas ameaças se concretizem", sustentou o advogado Homero Mafra.

"Em termos da imposição da medida, não há diferença entre cumprir na Bahia e cumprir no Espírito Santo. A diferença se faria em termos de segurança pessoal do adolescente, e cabe ao Estado proteger a vida daquele que está sob sua custódia. Não se está pedindo privilégio", enfatizou ele.

Ainda segundo o advogado, a internação do menor — que tem duração prevista de 45 dias, improrrogáveis —, é considerada uma medida excepcional, "quando todas as circunstâncias levarem a isso", mas que, nesse caso, o pai do investigado alega que o disparo que vitimou Hyara Flor foi feito por outro filho seu, também adolescente.

"Nesse primeiro momento, nós entendemos que ele [o apreendido] pode ficar aos cuidados da família, com o compromisso de se apresentar e participar dos atos processuais sempre que for intimado", explicou Mafra. Após ter passado pela Delegacia Especializada do Adolescente em Conflito com a Lei, o jovem foi levado ao Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo (Iases), onde se encontra desde então.

Relembre o caso

Hyara Flor Santos Alves foi morta no dia 6, em Guaratinga, no extremo-sul da Bahia, com um tiro abaixo do queixo. Segundo a Delegacia Territorial (DT) de Guaratinga, no local do crime, foram apreendidos uma pistola calibre 380, dois carregadores e munições. O caso foi registrado como feminicídio, mas não foram divulgadas mais informações sobre o suspeito.

Depois de ter sido baleada, a adolescente chegou a ser socorrida para um hospital da região, porém não resistiu. Ela deu entrada na unidade com a informação de que teria se ferido no queixo ao ter limpado a pistola. No entanto, contradições levantaram a suspeita de que se tratava de um crime.

A Polícia Militar (PM) foi chamada. Testemunhas contaram à equipe da 7ª Companhia Independente (CIPM) que o esposo de Hyara Flor fugiu com o pai depois do fato. Eles não foram localizados.