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Wendel de Novais
Publicado em 27 de março de 2025 às 09:59
Embora tenha sido presa no último mês de janeiro em São Paulo, só agora que Jasiane Silva Teixeira, conhecida como Dona Maria, teve a posição de liderança do tráfico de drogas no sudoeste da Bahia oficializada. Nessa quarta-feira (26), Ministério Público da Bahia (MP-BA) solicitou à Justiça a prisão preventiva por conta do seu status de líder do Bonde do Neguinho (BDN), facção ligada ao Primeiro Comando da Capital (PCC). Na prisão anterior, a criminosa teve mandado cumprido por homicídio qualificado. >
O crime em questão é a morte do agente penitenciário Luciano Caribé, 34 anos, executado a tiros na frente da própria casa em Jequié, no sudoeste baiano, em dezembro de 2010. Na ocasião, a vítima foi atingida por 10 disparos por indivíduos que estavam em uma motocicleta e eram ‘escoltados’ por um carro de apoio. >
“Luciano era um agente no Conjunto Penal de Jequié e conhecido por ser linha dura dentro da unidade que, na época, estava com Bruno Pezão, líder do BDN e companheiro de Dona Maria, preso. Pezão é autor intelectual dessa morte e Dona Maria tem papel logístico fundamental”, conta um policial que prefere não se identificar. >
Logo em seguida ao crime, de acordo com documentos do processo do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), diligências foram realizadas para localizar os suspeitos, o que levou policiais civis a um prédio de três andares ainda em Jequié. No primeiro andar do local, os policiais encontraram Dona Maria, uma outra mulher e crianças. No terraço, no entanto, quatro suspeitos do crime foram localizados. Houve confronto e três suspeitos morreram, mas um deles conseguiu fugir. Na investigação, foi comprovada que a casa era locada por Dona Maria e servia de apoia para a facção criminosa. >
Pelo crime de homicídio, Dona Maria pegou 14 anos em um julgamento de 2015, voltando a cumprir a pena 10 anos depois na prisão feita em São Paulo no início deste ano. A prisão, entretanto, serviu de base para que ela fosse denunciada também pelo crime de associação para produção e tráfico de drogas. Isso porque ela foi encontrada com R$ 66 mil em espécie, 10 celulares e documentos de cálculos relacionados ao BDN e ao PCC. >
“O caso de Lucas evidencia uma participação de Dona Maria desde 2010, mas em 2014, quando Bruno Pezão é morto em confronto com a polícia, ela passa a ocupar esse lugar de liderança do PCC na Bahia e, especificamente, no sudoeste do estado. Há pontos de tráfico em diversas cidades que são delas e as anotações apreendidas mostram o quanto ela era ativa e mandava na atuação da facção”, completa policial. >
O mandado foi expedido pela Vara dos Feitos Relativos a Delitos de Organização Criminosa de Salvador. Ela é investigada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) do MPBA, que ofereceu a denúncia na última quinta-feira (20) por lavagem de dinheiro. >