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Priscila Natividade
Publicado em 8 de janeiro de 2025 às 14:24
Comece com Ensaio da Timbalada no domingo. Tem Cortejo Afro na segunda-feira. Terça-feira é dia de Benção no Pelourinho. Se já sextou, vem com Leo Santana para o Baile da Santinha. Sábado, vai ter Ensaio de Anitta. Ah, e não deixe de acrescentar o Festival de Verão na conta. E para a gente não dizer que faltou a parte sagrada, tem Lavagem do Bonfim e a Festa de Iemanjá.
A Melhor Segunda-feira com Xanddy Harmonia e Saulo Som e Sal está logo ali em fevereiro. Bom, a verdade é que não chegamos nem na metade da maratona festeira que é viver o verão de Salvador, mas se todo mundo organizar direitinho, vai ter uma festa para cada dia da semana até a Quarta-Feira de Cinzas.
Ainda tem praia, barzinho, restaurante, curtição e virote pela frente. E a pergunta é a seguinte: dá para aproveitar tudo como se não houvesse uma ressaca amanhã? A médica gastroenterologista do Hospital Aliança, Adriana Ribas, responde que é possível sim, principalmente para os "fortes" e "hidratados": “É possível beber com moderação, intercalando a água com a bebida, evitar os excessos e priorizar os alimentos leves, além de garantir o repouso em seguida”.
Adriana Ribas
médica gastroenterologista do Hospital AliançaOs principais sintomas de uma ressaca são bem conhecidos: dor de cabeça, vômito, mal-estar e tontura, que pode durar por 12, 24 horas até mais, tudo depende da quantidade de álcool ingerida e da quantidade de alimentos de difícil digestão, como alimentos gordurosos, frituras, excessos de doces e açúcar. Inclusive, há quem seja mais ou menos propenso a sentir tudo isso e misturado após a farra, como explica a médica.
“Tem pessoas que têm menor ou maior tolerância ao álcool. Aquelas que já têm um histórico de enxaqueca ou que ficam ‘empachados’ depois de consumir bebidas alcoólicas, com certeza vão ter ressacas bem mais intensas. Fatores genéticos e metabólicos também influenciam e aí o ideal é que haja um acompanhamento médico especializado para chegarmos a esses casos”.
É mito que continuar bebendo no dia seguinte vai amenizar o efeito do combo bebida e comida em excesso mais noite se dormir, assim como o café não corta os efeitos do álcool. “O álcool leva ao estado de desidratação global. Em uma festa, enquanto você está ali se divertindo, já está gastando água e, se não se hidratar adequadamente, vai sofrer mais com os sintomas da ressaca. A verdade mesmo é que a hidratação é essencial e os alimentos ricos em vitaminas e minerais vão ajudar na recuperação, ou seja, aqueles alimentos frescos, fontes de vitamina como vegetais, frutas e legumes. Sem dúvidas, a cura está aí”.
Antes do esquente, Adriana recomenda ainda uma preparação para passar bem pelo que está por vir. “No pré-festa, a gente pensa no ponto de vista de macronutrientes, que são nutrientes que o corpo precisa em grande quantidade para fornecer energia e manter nossas funções vitais. Começando pelos carboidratos, o ideal é evitar os açúcares refinados em excesso. Então, procure uma fonte de carboidrato com água, nutrientes e fibras que favoreçam todo esse metabolismo. Prefira o consumo de frutas, arroz, pães e massas integrais ou carboidratos complexos como a batata-doce, o inhame, o aipim”.
Durante esse período, aposte em proteínas de fácil digestão, como as carnes brancas, entre elas o frango e o peixe. “Lentilha, quinoa, tofu são superinteressantes nesse período. Vale ainda evitar o excesso de frituras e laticínios em excesso, que podem precipitar sintomas gastrointestinais naqueles pacientes mais sensíveis. Ao acordar, já vai batendo um suco rico em vegetais com cenoura, beterraba, pepino. Você pode acrescentar maçã, gengibre, limão, couve. Fica um suco maravilhoso e ali já garante boa parte do que precisamos para lidar com esses excessos”.
E como se dá o processo de metabolização do álcool no nosso organismo? A médica explica que, após a ingestão, o álcool é absorvido, principalmente pelas células do intestino delgado, ganha a corrente sanguínea e vai ser metabolizado no fígado. “Através do álcool desidrogenase (ADH) - que é a enzima que vai favorecer a mudança do etanol para acetaldeído - quando em excesso, ela se torna toxica, além de ser responsável por boa parte dos sintomas da ressaca. Logo depois, ele leva a uma outra metabolização para depois ser transformado em gás carbônico e água até ser eliminado do corpo”.
No mais, a palavra de ordem é hidratação antes, durante e depois. “É sempre interessante ter em casa um antiácido, um analgésico. No entanto, é importante ter cuidado com os anti-inflamatórios e com a automedicação. Mas você pode fazer o uso de antieméticos (que previnem náuseas e vômitos) caso esteja com náusea, com muita queimação e regurgitação. A chave é repouso e hidratação”. Adriana Ribas listou mais cinco dicas rápidas para vencer a ressaca que quer te dominar no dia seguinte. Confira.
1. Hidratação
Hidrate-se bastante. Não só com água, mas também isotônicos, água de coco, sucos à base de vegetais e mel de cacau.
2. E se der virote
Descanse, durma, recupere as energias. Boas e longas horas de sono no dia seguinte são fundamentais para o corpo se recompor.
3. Alimentação
Não tem muito segredo: se alimente bem, sobretudo, com alimentos funcionais de fácil digestão.
4. Pausa
Evite álcool nos dias que seguem uma ressaca forte porque você tem que garantir aquele equilíbrio de base para suportar os excessos e garantir o que perdeu de água.
5. Sinais de alerta
Muita secura na boca, olhos fundos, sinais de desidratação que não se resolvem somente com aporte oral, vômitos em excesso. Nessa situação, a recomendação é procurar um atendimento de emergência para hidratação endovenosa e correção de glicose e eletrólitos.