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Gil Santos
Publicado em 11 de abril de 2024 às 17:12
Um grupo de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) fez um tour pelo Aeroporto Internacional Deputado Luís Eduardo Magalhães, em Salvador, nesta quinta-feira (11). A ação foi uma iniciativa da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) em parceria com a Vinci Airports, concessionária que administra o terminal. Os meninos e meninas visitaram as instalações externas e internas do aeroporto e realizaram ações com acessibilidade.
Os cerca de 40 jovens e seus acompanhantes foram divididos em duas turmas, uma pela manhã e outra à tarde. A primeira parada foi no auditório, onde o grupo recebeu as orientações sobre o passeio. Depois, eles percorreram as instalações até a sala de embarque. A área de inspeção, um momento às vezes tenso para os passageiros, virou motivo de diversão para o grupo.
Quando a dona de casa Denise dos Santos, 46 anos, descobriu que a filha dela tinha Transtorno do Espectro Autista, a pequena Laís estava com 5 anos. A menina vai completar 13 anos na próxima semana e a acessibilidade continua sendo um problema para quem tem essa deficiência, por isso, a mulher ficou emocionada ao ver a filha realizando ações que são triviais para pessoas que não enfrentam o desafio do TEA.
"Foi um passeio incrível. A gente já conhecia o aeroporto, mas apenas na parte do embarque. Todas essas áreas que existem atrás do prédio, eu não conhecia. A acessibilidade ainda é um problema, mas a gente tem fé de que as coisas vão melhorar. Laís era uma criança que não falava direito e, hoje, ela faz de tudo. Eu fico emocionada ao falar", contou Denise.
A menina está sendo assistida pelo Centro Especializado em Reabilitação (CER II), em Coutos, responsável pelo passeio. Ao descer a escada rolante e ver, alguns deles pela primeira vez, os aviões estacionados na pista, as crianças se aglomeraram na fachada de vidro e começaram os pedidos de fotos. O estudante Miguel Rocha, 12 anos, estava ansioso para sair de casa.
"Essa foi a primeira vez que vi um avião de pertinho. Eles são muito grandes. Gostei e fiz muitas fotos. Deu vontade de voar", disse, provocando risos. A mãe dele, a auxiliar de saúde bucal, Graziele Santana, 30 anos, contou que o menino passou os últimos dias aguardando pelo passeio e resumiu a experiência. "Foi uma manhã maravilhosa", afirmou.
Passeio
As crianças e acompanhantes fizeram uma simulação de embarque, ou seja, passaram pelo raio-x, realizaram o percurso até o terminal e foram estimulados a identificar e seguir as setas e outras sinalizações do aeroporto. Funcionários da Vinci explicaram para o grupo o funcionamento do painel de embarques e desembarques, das lixeiras com coleta seletiva e, depois, levaram os convidados para conhecer as instalações que passageiros comuns não têm acesso.
A coordenadora técnica do Centro Especializado em Reabilitação (CER II), Irlane Leite, contou que a unidade atende cerca de 600 pessoas, a maioria crianças com deficiência intelectual e Transtorno do Espectro Autista, e que a atividade foi em alusão ao Dia Mundial da Conscientização do Autismo, celebrado em 2 de abril. Ela explicou o objetivo da visita.
"O CER II promoveu algumas ações recreativas e de lazer com objetivo de proporcionar conhecimento a cerca do tema do Espectro Autista, diminuir o capacitismo e fazer a inclusão das pessoas com deficiência nos espaços públicos e de lazer como garantia de direitos. Uma atividade de vinculação terapêutica com as famílias", afirmou.
Erlane explicou que o Espectro Autista é um transtorno do neurodesenvolvimento que afeta áreas como a comunicação, interação e movimentos repetitivos. Mas quando estimulada precocemente, a criança pode ter mais qualidade de vida e autonomia. Erlane frisou que a sociedade precisa aprender a acolher essas pessoas e contou que o CR II realiza passeios também aos parques, praias e museus com objetivo de estimular a interação dos meninos e meninas.
O grupo fez um passeio em um ônibus pelas instalações do aeroporto e visitou a área de sustentabilidade. Eles conheceram a usina de tratamento, com capacidade de processamento de 750 metros cúbicos, e o Centro de Biodiversidade, onde ficam os animais resgatados nas dependências do empreendimento, como pássaros, corujas, gatos, urubus, tatus, iguanas, cobras e sapos.
Os animais resgatados são examinados, passam cerca de 15 dias em observação e são devolvidos para a natureza. A capacidade do Centro é para abrigar até 180 animais e o tipo mais comum é o Carcará. Atualmente, há 29 aves desse tipo que foram capturadas pelos biólogos. O passeio foi concluído com uma visita ao Grupamento Aéreo (GRAER) da Polícia Militar da Bahia, onde as crianças conheceram de perto as aeronaves e os equipamentos usados em salvamentos.
Essa foi a primeira vez que a Apae fez uma parceria com a Vinci para um passeio das crianças pelas dependências da unidade. A gerente de comunicação do aeroporto, Daniela Franco, frisou que foi a oportunidade de aproximar mais o público e as instituições do espaço, promover uma experiência diferenciada e disse que o feedback do grupo será usado para melhorar os serviços.
"Temos um comitê de acessibilidade e um comitê de diversidade, equidade e inclusão. Os primeiros anos de concessão foram focados na organização da infraestrutura. Agora estamos nos ajustes, como um projeto para uma sala multissensorial para as questões de TEA e para capacitar todas as pessoas do aeroporto", explicou.
O passeio foi encerrado com salvas de palmas e agradecimentos. Na quinta-feira (18), haverá mais uma ação do CER, desta vez, no Shopping da Bahia. O evento será realizado no Planeta Imaginário, no 2º piso, com duas turmas de 20 crianças, sendo a primeira das 9h às 11h e a segunda, das 11h às 13h.
Os usuários do CER da associação, irão participar de atividades lúdicas e brincadeiras nos diversos ambientes que compõem o espaço. Junto com alguns parceiros, o Planeta Imaginário oferecerá recreação com os tios do Planeta, pintura artística, salãozinho, visita de personagem, oficina artística, hora do lanche e brindes.