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Elaine Sanoli
Publicado em 4 de setembro de 2024 às 06:00
Na caminhada pelas ruas do Bairro da Paz, na capital baiana, o jovem músico Rafael Xavier, 22, não imaginava que chegaria tão longe. A trajetória iniciada em um dos Núcleos de Prática Musical (NPM) dos Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia (Neojiba), agora ganha um novo capítulo: a aprovação para cursar música na Brass Academy Alicante, na Espanha. >
“Acredito que a escola vai me proporcionar um foco musical, desempenho técnico, refinamento. É uma escola de referência, vai ser muito bom para o meu processo de aprendizado ter essa experiência”, celebra o trompista. >
O soteropolitano iniciou na música ainda na infância e não imaginava que as aulas, que assistia como hobby, se tornariam uma profissão. Aos 9 anos, Rafael ingressou no NPM do Bairro da Paz e fazia percussão, mas logo, se encantou com a doce melodia da trompa. Além do instrumento, o jovem recebia aulas de canto coral, iniciação infantil e teoria musical. Foi ainda no Neojiba que, em 2016, ele ingressou pela primeira em uma orquestra. “Eu passei para a Orquestra Castro Alves e foi um divisor de águas, foi uma outra realidade. Eu comecei a sair do Bairro da Paz para ir ao Campo Grande, Corredor da Vitória, Teatro Castro Alves (TCA). Era uma outra realidade social, outra forma de viver”, conta. >
Ao passo em que foi avançando e desenvolvendo o gosto e habilidade para a música, Rafael enxergou a possibilidade de transformar a sua realidade social e de sua família por meio dos concertos. “Minha mãe sempre trabalhou como empregada doméstica, cuidou da casa, dos meus irmãos e de mim, sozinha. Mudar essa realidade e dar um descanso para ela é uma meta”. >
Hoje, é a música que sustenta o músico e a família. Atualmente, na capital paulista, o baiano é integrante da Orquestra Jovem do Estado de São Paulo. Para ele, a evolução musical conquistada no grupo, somada à experiência no Neojiba, foi fundamental para a aprovação no processo seletivo da escola espanhola. "A minha bolsa ainda é dedicada, em partes, a ajudar minha família. Eu invisto na minha carreira e junto a isso, ainda mantenho o compromisso com a minha mãe, ainda que ela esteja em Salvador”, conta. >
Na seletiva para a academia especializada em metais, Rafael se viu encarando o primeiro desafio ao executar obras no mais difícil dos níveis técnicos. "Gravei o vídeo e mandei. Pela terceira vez, eu consegui essa aprovação e, esse ano, eu vou, tenho muita fé nisso”. >
Embora já tivesse concorrido e obtido aprovação outras vezes, apenas neste ano o sonho do trompista está perto de se tornar real. “Sempre foi uma realidade distante, eu pensava: ‘Eu passei, mas não tenho dinheiro. Se eu for, como que vou conseguir me sustentar?’”, confessa. >
Para realizar a viagem, uma conquista alcançada com muito esforço, Rafael ainda não dispõe de todo dinheiro necessário. Foi só a partir dessa terceira aprovação que o jovem soteropolitano começou a cogitar a ideia de estudar fora do país, contando com uma rede de solidariedade. Rafael abriu uma vaquinha online para conseguir R$ 30 mil, necessários para custear matrícula e valor completo do curso (€ 2,8 mil), a passagem do músico para a cidade de Alicante (€ 1 mil) espanhol, o custo do visto espanhol (€ 90) e a quantia de € 1 mil para custear a subsistência básica com aluguel, alimentação e transporte durante os três meses de duração do curso. >
A vaquinha, conta Rafael, é sua única esperança de conseguir cruzar o Atlântico para realizar seu sonho. “Eu não tenho poupança, não tenho como ter um apoio familiar porque somos muito humildes e a realidade é trabalhar, pagar as contas, comer e sobreviver”, relata. >
Desafios sempre existiram na trajetória de Rafael e, embora não tenha a certeza de que irá levantar o dinheiro necessário para a viagem, o jovem músico não perde a sua essência sonhadora. Estando em terras europeias, o soteropolitano planeja continuar se especializando e buscando outras possibilidades de capacitação em diferentes academias e universidades. >
O retorno à terra natal, no entanto, é uma viagem para a qual Rafael já tem as malas prontas. “Todo esse meu esforço, estando longe de casa, vivendo em outro estado, em outro país, é para que, daqui a alguns anos, eu consiga um emprego melhor, uma vida melhor”, crava. >
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