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Conheça Pitoco: com 30 anos de carreira, grafiteiro já colaborou com Luiz Caldas e Durval Lelys

O artista também dá aulas gratuitas de percussão para as crianças da Baixa de Quintas, onde foi criado

  • Foto do(a) author(a) Gilberto Barbosa
  • Gilberto Barbosa

Publicado em 19 de julho de 2024 às 06:00

Pitoco em frente ao mural da sede do Salvar
Pitoco trabalha há cerca de 30 anos com o grafite Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

Quem passou pelo Largo Dois Leões na manhã desta quinta-feira viu que Elder Grise estava dando os últimos retoques no muro da nova sede do 12º Batalhão de Bombeiros Militar (12ºBBM/Salvar). Assinando como Pitoco, o artista de 43 anos atua com o grafite há mais de 30 anos e já colaborou com diversas figuras conhecidas da capital, como o boxeador Popó, os músicos Luiz Caldas e Durval Lelys.

Na pintura estão retratados os brasões do Salvar e do Corpo de Bombeiros, além de um bombeiro com asas de anjo e um atendimento a uma vítima, que está imobilizada. Pitoco explica que foi o responsável pelo conceito da obra e que as imagens representam a atuação da corporação na cidade. "Os bombeiros do Salvar são conhecidos como os anjos do asfalto, já que são preparados para fazer o atendimento em acidentes mais graves. Eu fiz essa analogia a figura do anjo, porque eles dão o primeiro combate no socorro às vítimas”, detalhou.

Ele divulga os seus trabalhos no seu perfil pessoal (@pitoco_grafite). O projeto no 12º BBM demorou cerca de três dias para ser entregue e rendeu R$ 2.315 para o artista, que relata que os preços variam de acordo com o tamanho da obra, o cliente e a localidade. “Às vezes, o cliente é de um bairro mais pobre, mas ele tem uma área grande, então cobramos preços entre R$ 300 e R$ 600. Já em uma área nobre, eu chego a cobrar até R$ 3000”, explicou.

Desenhista durante a infância, Pitoco começou sua trajetória com a arte de rua em 1992, aos 14 anos. Ele começou utilizando pincéis para pintar as paredes e dois anos depois teve o primeiro contato com o spray. O sucesso dos primeiros trabalhos rendeu o convite do então campeão mundial de boxe, Acelino “Popó” Freitas para pintar as paredes da primeira sede do projeto Mão de Pedra, localizado na Baixa de Quintas, em 1999.

“Nós somos vizinhos desde a infância e ele me chamou para pintar a academia de boxe dele. Nesse projeto, ele me deu a minha primeira pistola de aerógrafo [usado em pinturas de longa distância] e assinou a nota fiscal, que eu guardo até hoje. Ficamos amigos e mantemos contato desde então”, afirmou.

Além do grafite, ele coordena um projeto de percussão
Além do grafite, ele coordena um projeto de percussão na Baixa de Quintas Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

A colaboração com músicos começou com a banda Nossa Juventude e seguiu ao longo dos anos, com as bandas de artistas como Luiz Caldas, Carlinhos Brown e Ivete Sangalo. Ele também produziu a calça usada por Durval Lelys na gravação do show Eternamente Asa, em celebração aos 40 anos de carreira do cantor.

“Meu Rei!!! Obrigado pela arte, você se superou dando vida a sua linda arte que vai ficar marcada para história dos fãs do Asa! Parabéns e obrigado pela sua dedicação!”, comentou Durval em uma publicação de Pitoco no Instagram.

Recentemente, ele foi um dos três grafiteiros responsáveis por pintar a barraca da influenciadora Mani Rêgo, localizada em Brotas. “O convite foi feito enquanto Davi [ex-namorado de Mani] ainda estava no Big Brother. Quando ele saiu, deu aquela confusão e ela me chamou para executar o projeto, que fizemos em quatro horas”, contou.

Esse não foi o primeiro trabalho de Elder com as forças militares. Há cerca de 15 anos, ele foi apresentado por um vizinho que integrava o Batalhão de Operações Especiais (Bope) a uma liderança da corporação que o convidou para desenhar o brasão na sede do batalhão. Essa colaboração se estendeu para as outras forças como a Polícia Militar (PM), Polícia Civil e o Corpo de Bombeiros, onde aproveita para angariar novos clientes.

“Um dia eu vi os soldados fazendo a mudança para aquele lugar e reparei que eles pintaram um muro vermelho. Com isso, entrei no local e apresentei a proposta para a coronel Keila Macario [comandante do 12º BBM], que me convidou. Isso seria impensável quando eu comecei, devido ao preconceito e hoje eles ficam acompanhando de perto e quando veem o resultado, me convidam para trabalhos particulares em seus restaurantes ou comércios”, relatou.

Além de grafiteiro, Pitoco também comanda o projeto O Som do Amor, no qual ensina percussão para crianças e adolescentes, sem restrição de idade. Ele iniciou o projeto após receber instrumentos dos músicos com os quais colaborava. As aulas são realizadas nos finais de semana, no período da tarde, no bairro de Baixa de Quintas.

“Alguns percussionistas doaram os instrumentos e eu convidei as crianças para fazer a aula de percussão. Eu cobro deles o boletim escolar, um bom comportamento na escola, com suspensão das atividades em casos de queixas dos professores. A referência do projeto para eles é tão importante que a diretora me liga em caso de problema e eu faço essa intervenção ajudando-os a entender que a arte e o estudo são as saídas para mudarem suas realidades”, finalizou.

Projeto foi concluído em três dias por Arisson Marinho/CORREIO

*Com orientação da subeditora Fernanda Varela