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Conheça os vilões do consumo de energia no calor

Uma noite com ar ligado consome o equivalente a 32 horas de funcionamento do ventilador

  • Foto do(a) author(a) Larissa Almeida
  • Larissa Almeida

Publicado em 19 de março de 2024 às 07:30

Ar-condicionado e ventilador são dois dos vilões no consumo de energia elétrica no verão Crédito: Marina Silva/CORREIO

Uma volta da sala para a cozinha já tem sido suficiente para sentir o abafamento começar a afetar o corpo. De imediato, a reação é abanar o rosto e tentar evitar o suor. Quando a tentativa falha, abrir as janelas e as portas é a segunda alternativa, embora o ar abafado se mostre pouco eficaz. É nesse momento, já no limite entre o estresse e a impotência, que ligar o ventilador ou o ar-condicionado – ou os dois ao mesmo tempo – e abrir a geladeira para se refrescar com um copo d’água gelada se mostram ações inevitáveis. Contudo, a conta disso costuma ser cara. Não à toa, os três produtos domésticos são apontados como os vilões do consumo de energia no calor.

“No caso do ar-condicionado, no verão utilizamos mais vezes e a conta sobe. O ventilador tem uma potência menor, mas mesmo em uma casa de baixa renda tem um impacto, porque ele será mais usado. E a geladeira, por estar muito quente, as pessoas abrem a porta mais vezes e isso faz com que haja maior gasto de energia, porque ao abri-la o ar quente entra e o motor funciona consumindo mais”, explica Ana Christina Mascarenhas, superintendente de Eficiência Energética da Neoenergia Coelba.

A especialista aponta que, em média, o consumo de um ar-condicionado é de 800W a 1000W por hora. O consumo é tão alto que, a título de comparação, uma lâmpada consome 10W no mesmo período e um ventilador, 100W. Isso significa dizer que o consumo de uma noite com ar-condicionado (800W) ligado, considerando um ciclo de sono de oito horas, é equivalente a 32 horas de funcionamento de um ventilador.

Em média, um ar-condicionado de 9.000 BTUs consome em torno de 120 kwh por mês, conforme apontado por Ana Christina Mascarenhas. De acordo com ela, um aparelho desse, ao ser utilizado durante oito horas diárias por um mês, geraria um gasto estimado de R$128,40.

Já um ventilador de teto pode consumir até 24 kwh por mês, se utilizado durante oito horas todos os dias. O gasto mensal estimado fazendo uso do aparelho seria de R$25,68 ao mês. Ou seja, o consumidor que porventura optasse por utilizar só o ventilador teria economia de R$102,72 no fim do mês.

Para Ana Christina Mascarenhas, a diferença no preço é significativa, mas ela chama atenção para o fato de existir resistência, por parte dos consumidores que usam ar-condicionado, em aderir também ao ventilador. “Essa comparação é interessante, mas o público que usa ar-condicionado não tem intenção de usar ventilador. É difícil convencê-los a economizar. Associar o ventilador de teto com o ar-condicionado, e depois desligar os dois [com o ambiente já climatizado] gera uma boa economia”, aponta.

Em geral, uma geladeira comum tem consumo de até 150W. Já as geladeiras duplex costumam apresentar consumo de até 250W. Ainda que não seja possível especificar quantos Watts, em média, são consumidos durante um dia em que a geladeira é aberta diversas vezes, manter ela fechada é altamente recomendado por Ana Christina Mascarenhas. Uma das opções para conseguir evitar o recorrente uso do eletrodoméstico e, consequentemente, economizar energia é manter uma garrafa térmica de água gelada por perto.

O chuveiro é outro vilão, mas em menor escala. Isso porque seu uso com água aquecida costuma ser menor no verão. No geral, o aparelho elétrico tem consumo de até 6.000W no inverso. No modo verão, ele consome em torno de até 3.500W. “Quem consegue tomar banho frio, eu aconselho que tome porque diminui o consumo de energia”, garante Ana Christina Mascarenhas.

Com a alta demanda por energia na alta estação, a Neonergia Coelba montou um plano estratégico de reforço do sistema elétrico da Bahia. “As ações são realizadas com base em estudos técnicos que preveem os aumentos sazonais do consumo de energia e especificidades regionais. Nos últimos quatro anos, a distribuidora investiu R$ 9,6 bilhões em obras espalhadas em toda a Bahia. O volume investido seguirá nos próximos anos. Para o próximo quadriênio, a concessionária estima aportar R$ 13,3 bilhões. Estes investimentos garantem que não haja prejuízos ao fornecimento de energia”, disse a companhia elétrica em nota.

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro