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Maysa Polcri
Publicado em 20 de novembro de 2024 às 07:04
No próximo dia 27 de novembro, cinco diamantíferos da vila de Santo Inácio, na cidade baiana Gentio do Ouro, serão leiloados pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB). Juntas, as áreas correspondem a 2.400 hectares, o equivalente a 3.429 campos de futebol. Diamantíferos são depósito naturais que concentram diamantes. Para o Ministério de Minas e Energia (MME), o certame deve contribuir com desenvolvimento econômico da região e do país.
Desde a década de 1980, o governo brasileiro faz pesquisas para tornar a área alvo de extração de pedras preciosas, através do Projeto Diamante de Santo Inácio. Segundo a Agência Nacional de Mineração (ANM), existem cinco processos ativos de solicitação de pesquisa para extração de diamantes em Gentio do Ouro. Todos foram feitos pela estatal Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM).
De acordo com o Serviço Geológico do Brasil, o leilão "visa desenvolver o setor mineral no Brasil, atraindo investimentos que beneficiem tanto o município quanto a região e o país". Gentio do Ouro, localizada na Chapada Diamantina, tem 10.884 habitantes. A remuneração média dos moradores é de 1,8 salário-mínimo, e a taxa da população ocupada é de 7,28%, segundo o Censo 2022.
Em 2001, um relatório elaborado pelo Ministério de Minas e Energia destacou o potencial da extração. Desde aquela época, já havia preocupação com os impactos ambientais. "Os dados obtidos, conforme demonstrados pelos estudos preliminares, mostraram-se animadores, considerando os parâmetros enfocados e relativos ao teor do depósito [...] ainda necessita-se de estudo adicionais de pesquisa, que garantam atingir as condições mínimas de segurança, assim como aos problemas básicos de engenharia de lavra e de preservação ambiental", dizia o documento.
A Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) foi questionada sobre quais devem ser as implicações ambientais e sociais para o município, caso a área seja leiloada. A reportagem também enviou questionamentos ao prefeito de Gentio do Ouro, Robério Cunha, sobre os impactos da extração de diamantes para o município. Não houve retorno, até esta publicação, de ambas as partes. Procurada, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico da Bahia (SDE) disse que não se posicionaria sobre o assunto e indicou que a CPRM fosse questionada.