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Maysa Polcri
Publicado em 1 de novembro de 2024 às 12:45
Mais de 1,2 mil quilômetros separavam Amanda Teixeira Zampiris, estudante do terceiro ano do Ensino Médio, das professoras de redação Ellen Figueredo e Luzia Santos. A candidata de 19 anos mora em Muqui, no Espiríto Santo, enquanto que as tutoras do curso Aprendi com Elas, moram em Feira de Santana. Através das redes sociais, Amanda ficou sabendo das aulas online, se inscreveu no curso e tirou nota máxima na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em 2023. Agora, ela dá dicas de como os participantes deste ano devem se preparar para uma das partes mais temidas da prova.
O tema da redação do ano passado foi 'Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil'. Para tirar nota mil, Amanda Teixeira usou uma tática ensinada no curso de Ellen e Luzia. Trata-se das argumentações coringas: frases e referências que podem ser utilizadas em qualquer tema de redação. O CORREIO preparou uma lista com cinco dessas argumentações, veja aqui.
"Utilizei como argumentos a negligência do governo e a permanência histórica do machismo, que são ensinados no curso", conta Amanda. Ela foi uma entre os apenas quatro estudantes de escolas públicas que tiraram mil na redação no ano passado. Entre os 2,7 milhões de candidatos no Brasil, 60 tiraram a nota máxima.
Amanda Zampiris
Aluna que tirou mil na redação do EnemA referência utilizada por Amanda foi o livro ‘Brasil, um País do Futuro’, publicado em 1941 por Stefan Zweig. Nele, o autor defende que o país tem características únicas que seriam essenciais para o desenvolvimento da nação.
“Existem repertórios socioculturais versáteis, que podem ser usados em diversos temas. O período do Enem gera muita ansiedade e acreditamos que eles devem ser estruturas e modelos que servirão para qualquer assunto”, diz a professora de redação Luzia Santos.
Com a nota máxima na redação do Enem, Amanda Zampiris passou em primeiro lugar no curso de Medicina Veterinária na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), mas decidiu estudar mais um ano. Neste domingo (3), ela fará a prova mais uma vez, com o objetivo de ser aprovada em Medicina. Ela espera, é claro, mais uma nota máxima na redação.
A estudante dá ainda outra dica para os candidatos. "Tentem fazer todas as questões possíveis e fiquem até o último minuto de prova. Tentem arguementar o máximo na redação porque é a hora de fazer o que dá", diz. Assim como Amanda, a estudante baiana Beatriz Tudella foi uma das 60 pessoas que conseguiram a tão sonhada nota máxima no ano passado. Na época, ela era aluna do curso pré-vestibular do Colégio Bernoulli, em Salvador.
“Eu sabia que me sairia bem em qualquer tema, tinha bastante repertório devido a minha preparação porque foram dois anos de pré-vestibular. O tema impressionou muitas pessoas, ele foi bastante pertinente e precisa ser discutido, exatamente por isso deixou muita gente com medo de escrever. Eu consegui escrever bem e até rápido. Não utilizei um modelo pronto, mas fiz uma estrutura que já estava acostumada”, disse em entrevista ao CORRREIO.
As candidatas mulheres são maioria entre os participantes que conseguem nota máxima na redação do Enem. Na edição do ano passado, elas representaram 46 de todas 60 notas mil (76,7%), segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep). O percentual reduziu em comparação com as edições passadas. Em 2022, elas foram responsáveis por 81,3% das redações com notas máximas e, em 2021, 86,4%.