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Como o aumento de impostos leva baianos a reduzir compras em sites internacionais

Depois da “taxa das blusinhas”, aumento do ICMS no estado encarece mais ainda produtos importados

  • Foto do(a) author(a) Yan Inácio
  • Yan Inácio

Publicado em 1 de abril de 2025 às 05:45

Compras internacionais aumentarão
Compras internacionais vão aumentar a partir desta terça-feira (1º) Crédito: Reprodução / Agência Brasil

Blusinhas, biquínis e cosméticos sul-coreanos. Até agosto do ano passado, esses eram os itens que a estudante Mariana Passos costumava comprar de duas a três vezes por mês em lojas internacionais como a Shein. Em 2024, com a chegada da “taxa das blusinhas”, que impôs um aumento de 20% nas compras internacionais acima de US$ 50, ela passou a fazer uma compra a cada dois meses.

Agora, com a alta do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias (ICMS) para esse tipo de transação na Bahia, que começa a valer a partir desta terça-feira (1º), seus hábitos de compra podem mudar mais ainda.

O reajuste aumenta o ICMS de compras internacionais de 17% para 20% em outros 9 estados e foi tomada em dezembro pelo Comitê Nacional dos Secretários de Fazenda dos Estados e do Distrito Federal (Comsefaz). Na prática, um produto importado que custaria R$ 100 vai passar a valer R$ 150, sem contar o frete e outras eventuais taxas impostas.

Mariana diz que agora só pretende importar produtos internacionais em casos de extrema necessidade ou caso o valor realmente compense. Ela também pontua que suas últimas compras têm sido em lojas físicas. “Você já pensa logo: são R$ 50 reais que eu poderia gastar em outra coisa, eu sinto que isso é um pouco desmotivador”, desabafa.

Arquivo pessoal
Arquivo pessoal Crédito: Arquivo pessoal

De acordo com nota divulgada pela Comsefaz em dezembro, uma das motivações para o aumento seria estimular a indústria nacional. "Com isso, os estados pretendem estimular o fortalecimento do setor produtivo interno e ampliar a geração de empregos, em um contexto de concorrência crescente com plataformas de comércio eletrônico transfronteiriço"

Segundo o planejador financeiro Raphael Carneiro, é preciso levar em consideração que “o comércio local traz muitos produtos importados”, por isso, ele projeta que os preços nesses estabelecimentos fiquem mais caros. Por outro lado, também há uma tendência de que os produtos vendidos nos marketplaces locais sejam produzidos aqui no país. “Nesse caso, eles vão ficar mais atrativos do que os mesmos produtos feitos fora, porque no caso brasileiro não teria esse aumento do imposto”, explica.

Comércio varejista em Salvador
Comércio varejista em Salvador Crédito: Arisson Marinho/ Arquivo CORREIO

Guilherme Dietze, consultor financeiro do Fundo Especial de Compensação do Estado da Bahia (Fecom-BA) diz que o reajuste ajuda a equilibrar a disputa com os empresariado estrangeiro. “Com essa medida você acaba trazendo um jogo mais igual, trazendo mais competitividade e isso ajuda muito, sobretudo o pequeno e médio empresário que tem mais dificuldade de obtenção de crédito, de gerir seu negócio e assim por diante”

O governador Jerônimo Rodrigues reafirmou, nesta segunda-feira (31), em um evento na Associação Comercial da Bahia (ACB), que o reajuste favorece setores da indústria e do comércio estadual. O político também disse ser difícil equilibrar os interesses da população com os segmentos empresariais. O CORREIO entrou em contato com o Governo do Estado, mas não obteve resposta. O espaço está aberto para contestações.

Nada de “comprinhas”

A jornalista Sofia tinha o costume de importar artigos de papelaria na Shopee e quando os valores compensavam para ela, geralmente comprava até duas vezes por mês. A preferência era por conta dos preços menores em relação ao mercado local, mas quando a taxa de importação passou a valer em 2024, ela simplesmente deixou de fazer compras internacionais. O novo tributo desmotiva mais ainda a comprar de lojas estrangeiras.

A decisão de não importar mais a colocou em um dilema ao observar as lojas próximas a ela. “Acho que me fez procurar mais alternativas nacionais baratas, mas que quase nunca são da mesma qualidade ou preço”, conta. Outro tipo de item que também consumia eram as roupas, com a alta nos preços, começou a frequentar mais os brechós. ”As roupas do comércio brasileiro como C&A e Riachuelo de varejo são muito caras e de pouca qualidade”, diz

Já a professora de inglês Maria Clara Costa é outra que precisou fazer cortes nos produtos importados. Sua preferência era por produtos de skincare coreanos como protetores solares e maquiagens que são impossíveis de se acessar no Brasil.

Maria Clara Costa
Maria Clara Costa Crédito: Arquivo pessoal

“Às vezes eu deixo de comprar um produto, não apenas porque ele não cabe dentro do meu orçamento, mas porque pra mim é um absurdo eu ter que pagar o dobro do preço do produto em taxação”, conta.

Mas quando os aumentos chegaram, ela teve que se voltar às alternativas nacionais: a troca trouxe de volta a vantagem principal da compra física. “Eu não preciso esperar um mês para o produto chegar. Antes eu tinha que me programar um mês pra ver se o produto estava acabando e pra ele chegar a tempo.”