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Vitor Rocha
Publicado em 10 de outubro de 2024 às 05:30
Imagine acordar de manhã, precisar pegar seus pertentes e deixar sua cidade por causa de um furacão. Está é a realidade enfrentada por muitos baianos que estão no estado da Flórida, nos Estados Unidos. Por conta do furacão Milton, que chegou na noite desta quarta-feira (9), os moradores evacuaram para buscar segurança.
Há apenas três meses na Flórida, Victor Araújo mora em Tampa, uma das cidades que mais vão ser afetadas pelo Milton. Natural de Salvador, o baiano precisou sair de onde morava com sua esposa, Anna Butler, que está grávida de oito meses. "Tem a preocupação de alagamento, de perder pertences, principalmente agora que a minha esposa está grávida. A nossa primeira filha está para nascer daqui a algumas semanas, então, claro, a preocupação existe, mas estamos tranquilos, especialmente por conta dos últimos noticiários, que informaram que o furacão está descendo um pouco mais ao sul", tranquilizou.
Ele explicou que o município foi dividido entre cinco zonas: A, B, C, D e E. De acordo com o soteropolitano, nas duas primeiras havia risco de morte e a evacuação era obrigatória. Na C, onde está o bairro em que mora, a saída do local foi recomendada. "Saímos por precaução e estamos aqui em Orlando. Neste momento, a gente está alugando a casa, que obviamente tem seguro. Os nossos pertences também tem seguro de alagamento, caso ocorra. Nunca passei por isso antes", revelou.
Em Lehigh Acres, município localizado entre Miami e Orlando, Antônio Mazo Soares, oriundo de Feira de Santana, também precisou retirar a família da cidade e ir em direção à residência de um casal de amigos, em Boca Raton. Apesar dos furacões serem frequentes na região, o instalador de pisos de madeira, que está há cinco anos na Flórida, destacou que, geralmente, o fenômeno natural causa consequências.
"A gente já sabe que há possibilidade de furacões a partir de setembro até meados de janeiro. Sempre ficamos de olho nos jornais para qualquer notícia. Há 20 dias passou um furacão aqui, mas foi mais para o norte. Na minha casa teve temporal, chuva forte, mas nenhum dano. No furacão Ian, por exemplo, eu evacuei, mas vizinhos que ficaram na cidade disseram que foram oito dias sem luz. O Milton vai tocar o solo em uma cidade muito próxima da minha. Por conta disso, vão ter muitos ventos intensos, risco de alagamento grande, falta de energia e, consequentemente, falta de água", afirmou.
Mesmo com os possíveis danos, ele contou que a comunidade brasileira sempre se mantém unida no país quando as dificuldades chegam. "A gente divide gerador,casa, dá carona para evacuação. Um apoia o outro", ressaltou.
Com a iminência do furacão chegar na costa dos Estados Unidos, muitas cidades já apresentaram falta de mantimentos, como apontou Felipe Netto. O soteropolitano, que mora há quatro anos em Orlando, contou que os estabelecimentos começaram a fechar para a chegada do fenômeno natural. "Todas as pessoas estão se preparando muito. Você vai no supermercado, acaba a água, pão, papel higiênico. As coisas básicas realmente estão difíceis. Gasolina também está muito difícil [...] Você vê algumas lojas e restaurantes já fechando hoje. Os parques da Disney e Universal fecharam, mas amanhã vai ser o pior dia", disse.
Apesar da tensão, o baiano afirmou estar tranquilo para o furacão, pois mora em um local com estrutura para receber o Milton. "O abrigo será minha casa mesmo. Eu moro em um apartamento de três andares, então não tem tanto risco quanto alguém que mora em uma casa com árvore por perto, por exemplo. Em relação ao veículo, que é muito importante também estar coberto, eu tenho uma garagem coberta. Pessoas que moram em casa tem uma situação um pouco mais difícil", contou.
Seguindo a mesma linha, a jornalista Alessandra Leme, moradora de Coconut Creek, reiterou que o país é preparado para a recepção dos eventos. "Acaba e chega. Eles já estão muito prevenidos. Mesmo que haja algum caso grave, os supermercados têm geradores para continuar se mantendo", revelou a baiana, que vive há 23 anos nos Estados Unidos.
Mesmo com toda a precaução para que nada grave ocorra, é muito difícil para os familiares que estão no Brasil se mantenham calmos. É o que sugeriu Mazo Soares. "Eles sabem como funciona, mas não tem como não se preocupar. Sempre entram em contato, ligam diariamente para saber como está aqui. A gente sempre tenta falar que tá tudo bem, que saimos da linha do furacão, que tá bem abrigado, mas é difícil", afirmou.