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Comércio deve registrar aumento de 7% nas vendas de maio, mês do Dia das Mães

Segmento de supermercados deve ter melhor desempenho, com alta estimada de 11%

  • Foto do(a) author(a) Millena Marques
  • Millena Marques

Publicado em 23 de abril de 2024 às 05:45

Os principais setores do comércio ligados ao Dia das Mães devem registrar crescimento de 7,1% na Bahia durante o mês de maio deste ano em comparação ao ano passado, de acordo com dados da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado (Fecomércio-BA). O aumento é estimado em razão do ingresso de novas pessoas no mercado de trabalho e da queda da taxa de juros, segundo Guilherme Dietze, consultor econômico da entidade.

Do ano passado para cá, cerca de 70 mil pessoas ingressaram no mercado de trabalho formal, conforme o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho. "Há mais pessoas empregadas, com mais dinheiro no bolso, e o crédito está mais barato, porque a taxa de juros vem caindo. A inflação deu uma pressionada no início do ano, mas, em relação ao mesmo período ano passado, está menor”, explica.

Os dados positivos de janeiro e fevereiro de 2024 mostram uma crescente no setor. Neste ano, o acumulado dos dois meses foi de 4,6% - contra 0,3% do mesmo período no ano passado. “Há a confiança do consumidor. Não houve uma alteração gigantesca da economia do início do ano para cá, então a gente imagina que o Dia das Mães deve ter esse aumento", continua Dietze.

De acordo com o Banco Central, há dois meses, a taxa média aplicada para pessoa física estava em 52,5% ao ano, contra 58,5% do mesmo período do ano passado.

Os supermercados devem ter o melhor desempenho para o período, com alta estimada de 11% na comparação anual e faturamento de cerca de R$ 5 bilhões. O setor supermercadista é beneficiado de duas formas: os próprios consumidores vão às compras para a reunião nas próprias casas e os empresários, donos de restaurantes, abastecem os estoques para atender o público que comemora fora da residência.

Segundo o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes – Seccional Bahia (Abrasel-BA), Leandro Menezes, a expectativa de faturamento para o domingo do Dia das Mães neste ano é de 10% a mais quando comparado ao ano passado e um aumento médio de 40% em comparação a um domingo comum. “Costumamos falar que o Dia das Mães é o Natal dos bares e restaurantes”, afirma, salientando que a reposição de estoque segue os índices da demanda.

A reportagem tentou contato com a Associação Baiana de Supermercados (Abase), via e-mail, mas não obteve respostas até o fim desta reportagem.

O mesmo levantamento estima que a segunda maior variação do mês deve ser de lojas de móveis e decoração, com alta estimada de 8%. A redução da taxa de juros possibilita uma queda no preço dos produtos desse segmento, que dependem num grau elevado do custo de crédito.

Rosana Galvão, gerente da Domestic&Co, da Avenida Sete, estima um crescimento entre 5% e 10% nas vendas para o Dia das Mães. Pensando na alta demanda própria da época, o estoque da loja foi planejado no início do ano, com um incremento de 50 novos itens. “O pessoal já está bem aquecido, muitos clientes estão comprando os mimos para poder garantir e não deixar para última hora", diz a gerente.

De acordo com Carlos Alberto Bahiana, vendedor da loja de móveis Primordial, também na Avenida Sete, o esperado é aumento de 20% de em comparação ao mês de abril. “É um mês que mexe (o mês de maio). A verdade é essa. Nós temos mesas boas de madeira maciça, mas, por ser um produto bom, o preço é mais elevado, mas a expectativa é que a gente venda muito bem”, diz.

A alta de 3% é prevista para o segmento de lojas de eletrodomésticos e eletrônicos. “Neste caso, já há uma busca mais intensa, do desejo de compra de telefone celular, computadores ou algum produto de utilidade doméstica. Vale ressaltar que, o crédito mais barato e o nível de inadimplência mais baixo do que há um ano, são fatores que devem contribuir para a expansão de vendas nesse segmento”, pontua Dietze.

O Dia das Mães é uma das datas mais esperadas pelo setor de eletrodomésticos e eletrônicos, atrás apenas da Black Friday e do Natal. Quem diz isso é o gerente das Casas Bahia do Centro, Ricardo Ferreira. “A gente sabe que as mães mexem muito com o sentimento. Então, vendemos desde o eletrodoméstico comum, como a sanduicheira, ao estofado”, afirma.

As lojas de vestuário, tecidos e calçados não devem sofrer muita alteração se comparado ao ano passado. A Fecomércio-BA estima uma variação de –1% no contraponto anual. “Esse setor é certamente o mais demandado para o Dia das Mães. Isso porque são produtos com preços acessíveis, de valor agregado mais baixo, sem a necessidade de crédito”, salienta Dietze.

Embora o comércio do Centro tenha registrado uma queda ao longo dos últimos anos, o gerente da Modas Chephy, Edson Miguel Júnior, estima um crescimento entre 10% e 20% na semana que antecede o Dia das Mães em comparação a uma semana comum, sem feriados. “Depois da pandemia, o movimento caiu muito, mas ainda é uma data esperada”, afirma.

A data comemorativa exige um reforço de estoque das lojas. A unidade da rede de calçados Dinni do Centro iniciou a preparação em janeiro, com a solicitação da coleção de inverno. “Não temos como precisar os números, mas a gente faz um estoque, dá uma reforçada sessenta dias, noventa dias antes”, conta o gerente da loja, Márcio Braga.

Segundo o presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio do Estado da Bahia (Sindlojas-BA), Paulo Motta, maio é o segundo mês mais importante para o varejo - atrás apenas de dezembro, que tem o melhor cenário por causa do Natal. Em comparação a um dia normal, os dias que antecedem o domingo do Dia das Mães registram um crescimento médio de 20%.

Compras até R$ 100

A estudante de Psicologia Juliana Brasil, 19 anos, pretende comprar o presente da mãe na próxima semana. A ideia é montar um conjunto de vinho que não ultrapasse R$ 100. “Minha mãe é apaixonada por vinho e, como todo ano tento inovar nos presentes, acabou surgindo a ideia que tive com minha irmã”, diz a estudante, que deve preparar montar a peça na próxima semana.

Quem também está com o mesmo orçamento é a empreendedora e estudante de Letras Karine das Virgens, 21. Ela ainda não sabe qual vai ser o presente, mas busca algo significativo e acessível: “Ainda preciso pesquisar. A intenção é comprar algo barato, mas que tenha significado”, diz.

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro